Governo descuida da saúde e faltam medicamentos baratos contra o câncer

Flávio Flora

O descaso das autoridades do Sistema Único de Saúde com pacientes oncológicos tem sido constatado por várias reportagens em todo o Brasil. Todos os dias há notícias de que hospitais públicos estão interrompendo tratamentos por falta de remédios que deveriam ser comprados com recursos do Orçamento Anual. Nas matérias também são relatados casos de descaso com pacientes sendo acomodados precariamente e de quimioterapias interrompidas. Enquanto isso, a doença avança impiedosamente.

A Sociedade Brasileira de Oncologia acaba de publicar uma nota de preocupação dos médicos da área sobre a falta de medicamentos antigos, mas eficazes e mais baratos. O alerta assinala, no entanto, que não faltam medicamentos mais caros, de última geração, acessíveis a poucas pessoas.

Novos, mais caros
Várias associações médicas regionais reconhecem que a interrupção e a descontinuidade na produção e no fornecimento de remédios antigos, eficientes e baratos é um fato que ocorre porque os laboratórios estão investindo em outros medicamentos mais eficazes e mais caros.

O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo Fernandes,  disse que esse desinteresse dos laboratórios pela fabricação de medicamentos mais antigos e baratos é uma tendência mundial. O médico afirmou que é preciso o estado agir junto aos fabricantes para evitar o sumiço dos medicamentos, especialmente neste momento de intensa crise econômica. Em pouco tempo, hospitais e serviços públicos de saúde terão dificuldade para adquirir esses novos remédios pelo alto custo.

— Os tratamentos que substituem essas medicações antigas e eficazes são mais caros e não cabem dentro daquele custeio que é encaminhado pelo Ministério da Saúde. Então, a ideia é tentar prevenir um desabastecimento maior que venha trazer mais dificuldades — disse Fernandes. 

Problemas de abastecimento
O ministro Ricardo Barros, da Saúde, diz que está ciente do problema e que já propôs uma medida para alterar a regra de compra dos remédios, de modo que o governo possa aumentar o valor máximo para a compra de determinados remédios. Na visão do ministro, seria uma forma de estimular os fabricantes a continuarem produzindo remédios.

— Podemos alterar um pouquinho o preço para cima para que eles tenham interesse econômico e voltem a estar disponíveis no mercado — comenta o ministro da Saúde.

O Sindicato da Indústria Farmacêutica (Sidusfarma), esclarece que alguns medicamentos contra o câncer não estão sendo mais produzidos e que outros tiveram problemas de abastecimento, o que está sendo regularizado.

O Hospital do Câncer, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que esta falta de medicamentos não ocorre em Divinópolis, o que significa que os tratamentos seguem sem interrupção.

 

 

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