Flávio Flora
O Banco do Brasil abriu a semana anunciando fechamento de agências por todo o País. No domingo, o presidente da instituição, Paulo Caffarelli, anunciou uma grande reestruturação, em meio a notícias de que poderia ser privatizado.O plano inicial é reduzir o número de agências e aposentar perto de 18 mil funcionários, em plano de aposentadoria incentivado. Quem aderir pode receber cerca de 12 salários mais indenização pelo tempo de serviço, que vai de um a três salários.
Reduzir a folha de pagamento parece ser a medida essencial para melhorar a rentabilidade do maior banco do Brasil e recolocá-lo na posição de concorrer com os demais privados. A ideia que segue junto com essas medidas é a ampliação do número de funcionários com carga horária reduzida, com gradativa troca de jornada de oito para seis horas, tendo como consequência redução de 16,25% no salário básico. Segundo fontes do Banco, só cargos gerenciais ficarão com jornada de oito horas.
Agências fechadas
Ao todo, 402 agências serão fechadas no País, enquanto outras 379 serão transformadas em postos de atendimento, ao longo de 2017. O BB não fechará agência em município onde só o banco atua. Hoje, o BB tem 5.430 agências e 1.791 postos de atendimento. A instituição tem mais agências que seus concorrentes, incluindo o Bradesco, que soma 5.337 pontos após a incorporação do HSBC, em julho deste ano.
A reportagem procurou a agência central do Banco, em Divinópolis, na manhã de ontem, mas foi informada que seu superintendente, Leonardo Guim, estava de viagem e não era possível confirmar nenhuma decisão ainda. Entretanto, segundo apuração da Folha de S.Paulo, em Minas Gerais, 21 agências serão extintas, a maioria (11) em Belo Horizonte. As outras são: três, de Uberlândia; duas, de Juiz de Fora; e uma de Confins, Contagem, Governador Valadares, Montes Claros e Divinópolis – agência do bairro Santa Clara.
Enxugamento básico
Com este enxugamento da estrutura, o BB vai fazer uma economia anual de R$ 750 milhões – R$ 450 milhões da nova estrutura organizacional e R$ 300 milhões de redução de gastos com transporte de valores, segurança, locação e condomínios e manutenção de imóveis, entre outras despesas. A instituição também vai fechar 28 superintendências regionais de varejo e 3 de governo de um total de 140.
Segundo informa a instituição, “a migração de clientes atendidos em agências fechadas será automática. Nem haverá mudança de cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta. O banco vai comunicar a mudança via site, SMS, aplicativo para celular, caixa eletrônico, correspondências e cartazes nas agências”.
Novo perfil da clientela
Em comunicado,o BB informa que haverá revisão e redimensionamento da estrutura organizacional em todos os níveis: direção geral, superintendências, órgãos regionais e agências. Em relação às agências, o banco afirmou que a rede “será reorganizada de forma a adequar-se ao novo perfil e comportamento dos clientes, com o aproveitamento de sinergias, a otimização de estruturas e a ampliação de serviços digitais, sem comprometer a presença do BB nos municípios em que atua”.
No mesmo informe ao mercado, o BB adianta que abrirá 255 unidades de atendimento digital, entre escritórios e agências digitais, além das 245 já existentes, que hoje atendem 1,32 milhão de clientes. A expectativa é chegar a 4 milhões no ano que vem.
Outro foco de investimento do Banco está nos aplicativos para celular, depois de constatar que 40% das transações bancárias já são feitas pelo smartphone, enquanto outros 27% são via internet banking. O Banco do Brasil segue a tendência geral de utilizar o celular como principal canal bancário, como ocorre com o Bradesco, com o Santander, onde celular e computador respondem por 65% das transações realizadas pelos correntistas, e como Itaú, onde 70% das transações são feitas pelos canais digitais.