Vermelho, cor de sangue

Rodrigo Dias

 

A paixão e o ódio são sentimentos antagônicos. A morte do comandante Fidel Castro, que durante décadas conduziu os destinos de Cuba, deixou evidentes estes sentimentos.

Nos pronunciamentos de líderes mundiais ou da população de Cuba, não há unanimidade. Os críticos dizem que Fidel foi um ditador implacável. Perseguiu e eliminou seus dissidentes e caçou direitos.

Já seus defensores acreditam que o velho comandante defendeu os interesses de Cuba em contraponto a um modelo imperialista. Fidel teria elevado os níveis de educação e do atendimento de saúde à população cubana.

Como outros grandes da história da humanidade, comandante Fidel foi um líder. Desses que são capazes de mudar não só o contexto em que estão inseridos, mas influenciam o mundo de alguma forma.

A liderança e os ideais de Fidel embalam, até hoje, os sonhos de um mundo mais igualitário. E nos anos que virão o espírito de Fidel continuará a embalar os desejos de milhares.

Sanguinário? Talvez fosse sim, a história registra isso. Mas há outras formas de dizimar pessoas. Algumas delas até mesmo institucionalizadas, a exemplo; a ausência do Estado, que desampara o cidadão seja na segurança pública ou saúde. Só para ficar em dois casos apenas.

Alguns dos líderes mundiais que torcem o nariz para Fidel representam nações que têm nas suas páginas da história o mesmo tom vermelho do sangue. Nações que escravizaram e exploraram os povos latino-americanos e que até hoje fazem o mesmo em algumas regiões da África.

É fato que nenhum dos modelos, o do Fidel e dos que eram contrários a eles, são passíveis de orgulho. Daí, esconder seus atos menos nobres do passado, para criticar um ditador morto, não colabora na discussão do mundo e das forças que nele existem e que incidem, principalmente, na vida da população mais pobre.

Conheci Fidel pelos livros e reportagens. Entendo que o que move um revolucionário é o inconformismo. A necessidade de mudança. Cuba e Fidel ficaram velhos. E como revolucionário que era, creio que Fidel sofria.

Sofria porque o aspecto prático do seu legado fracassou. Seja pela sua gestão ou pela pressão externa. Sem fôlego, o revolucionário sucumbiu. Mas os ideais não.

Esses permanecerão vivos na mente daqueles que querem transformar sua realidade. No mundo moderno essa mudança, necessariamente, não passa pelas armas ou pela morte de pessoas.

Passa pela introdução da ideologia mais conveniente. Perpetuar um pensar que muda o agir que interfere num dito contexto e lugar. Óbvio que quem detém poder, econômico e político, tem melhores chances de manipular os instrumentos que servirão a este fim.

Aos que não têm toda essa possibilidade resta a consciência e contestar. Essa é a primeira forma de revolucionar. Afinal, os ideais ficam e são eles que vão mudar o mundo.

artigorodrigodias@gmil.com

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