Flávio Flora
Um estudo publicado recentemente pelo ‘The NatureConservancy’, organização internacional dedicada à conservação da biodiversidade, sediada nos Estados Unidos, chama a atenção das autoridades ambientais para os efeitos benéficos das árvores na vida urbana, mais do que se sabia.
Esta foi a constatação do estudo, cuja investigação avaliou o impacto das árvores em 245 cidades ao redor do mundo. Elas produzem, em muitas pessoas, um efeito calmante e positivo e, além disso, as consequências vão desde mudar a qualidade e a temperatura do ar a influir no funcionamento do cérebro.
Sólidas e serenas,vivas e vibrantes
Uma árvore reduz a chamada “matéria particulada” ao seu redor, entre 7% e 24%, dependendo do tamanho da copa. Segundo o estudo, este material, um dos contaminantes mais graves no ar das cidades, pode ser classificado em dois tipos: uma poeira mais grossa (PM 10), resultante de resíduos de construção e das ruas, entre outras fontes; e a mais fina (PM2,5), que resulta, entre outras causas, da queima de combustíveis fósseis e madeira.
Estas partículas finas em suspensão podem penetrar profundamente nos pulmões, estimando-se que mais de 3,2 milhões mortes anuais ocorrem por isso, segundo este estudo. O material PM 2,5 está associado a riscos maiores de acidentes vasculares cerebrais (AVC), problemas cardíacos e enfermidades respiratórias como a asma ou bronquite.
Ondas de calor
Outro achado importante da pesquisa é o impacto amenizador das árvores na temperatura, aspecto crucial quando se sabe que as ondas de calor matam cerca de 12 mil pessoas por ano e dificultam a vida de milhões, em todo o mundo.
— A mudança climática fará com que o impacto dessas ondas de calor nas cidades seja ainda mais severo (…) Muitos estudos científicos demonstraram que as sombras das árvores, além da transpiração durante a fotossíntese, contribuem para reduzir a temperatura do ar e consequentemente o consumo de eletricidade para ar condicionado — alerta o relatório da pesquisa.
Bem estar psíquico
Um estudo recente de Gregory Bratman, da Universidade de Stanford, mediu o impacto no cérebro de caminhar durante 90 minutos na natureza. Um grupo caminhou em meio a árvores e outro andou em uma rua com muito tráfego e poucas árvores. As pessoas do grupo da rua tiveram um aumento da atividade de “ruminar” criticamente sobre si mesmo ou sobre eventos do passado – um padrão negativo de pensamento normalmente vinculado à depressão. Os que caminharam entre as árvores tiveram menos tendência de “ruminar”, o que também ficou confirmado por uma ressonância cerebral dos participantes.
A importância das árvores nas cidades não pode ser subestimada, considerando-se que 54% da população mundial estão nas cidades e essa proporção deve chegar a 65% em 2050.
Calor em Divinópolis
O desconforto no Centro de Divinópolis em dias de calor é muito grande, devido à redução de árvores nas ruas e praças.
Sem ainda saber ao certo quem governará o município, a editoria pesquisou o tema da arborização urbana tratado no período de campanha, com base nas publicações do painel Eleitoral do jornal Agora.
Preocupados com a insegurança pública e a precariedade da saúde, o tema arborização urbana não foi tratado especificamente por nenhum dos candidatos em 2016, ficando as abordagens mais no campo geral da preservação e recuperação ambiental, como na proposta de Iris Almeida (do PT) ou como um desejo de melhorar o visual da cidade, que “perdeu muitas árvores de grande porte este ano”, segundo Galileu Machado e, que por isso, a cidade está mais quente.
A elevação da temperatura tem se evidenciado com invernos menos rigorosos, primavera mais quente e verões sufocantes, pedindo mais atenção das autoridades ambientais locais.
