Em três meses, nova gestão HSJD apresenta resultados animadores

Flávio Flora

O Hospital São João de Deus apresenta sinais de recuperação da doença administrativa que quase o levou a fechar as portas. Ontem, a Comissão Interventora reuniu-se com a imprensa para relatar as principais atividades e decisões tomadas pela nova equipe gestora que, em menos de três meses, conseguiu resultados não alcançados anteriormente em muitos meses.
À reunião, no auditório do hospital, estiveram presentes: o secretário-adjunto estadual da Saúde, Nalton Moreira, ao lado do prefeito de Divinópolis, Vladimir Azevedo (PSDB), e do promotor de Justiça Gilmar de Assis. Também participaram do encontro os deputados Jaime Martins (PSD) e Fabiano Tolentino (PPS), a superintendente regional de Saúde, Gláucia Sbampatto, e a secretária municipal de Saúde, Kênia Carvalho. Da Comissão Interventora, estavam o médico Eduardo Mattar, diretor técnico do HSJD; a superintendente-geral Elis Regina; o secretário executivo da Comissão Interventora, Geraldo Lucas Lamounier; e a consultora de gestão Jomara Alves.

Estratégia administrativa
A nova gestão do São João chega aos três meses de trabalho com informações animadoras sobre a recuperação da organização, referência para mais de 1,2 milhão de pessoas em 54 municípios do grande Oeste, garantem os novos gestores.

A superintendente Elis Regina apresentou um resumo do que foi feito no período, em termos de planejamento estratégico, destacando que, de início, sentiu a falta de informação e dados sobre a parte econômica (demonstrativo de resultados, estatísticas, fluxo de caixa, atendimentos, complexidades etc.). Também observou que não se fazia orçamento pormenorizado dos setores, recurso importante para se alcançar equilíbrio financeiro sustentável, além de ter encontrado disparidade entre prazos de pagamento e prazos de recebimento.

Elis Regina sublinhou outra questão que, aos poucos, vai sendo superada: a da baixa produtividade causada pela fraca compreensão do que seja o planejamento e sem a orientação para os objetivos da organização. Com o novo desenho de processos funcionais e operacionais, mais informações chagam às equipes e o “retrabalho” decresce em favor da produtividade. O HSJD tem hoje em seu quadro ativo cerca de 1,2 mil funcionários, cada um com suas funções definidas, com muitas pessoas se destacando em seus papéis.

Gestão inadequada
A autoridade estadual de Saúde, o mediador Nalton Moreira, disse que chegou à conclusão de que a liberação de recursos não era solução, porque o problema do São João era de gestão, o que ficou comprovado com os resultados positivos alcançados pela nova administração. Contou que a Secretaria Estadual de Saúde, para a gestão anterior, repassou cerca de R$ 4 milhões destinados a pagamento dos médicos: “Sumiu tudo pelo ralo”.
Depois disso, com a organização em vias de fechar, Nalton decidiu procurar parceiros, a começar do Ministério Público, e a selecionar uma equipe com representantes de vários segmentos sociais comprometidos com a causa do Hospital para atuar com urgência e disposição, devido à importância que a unidade tem para toda a região.

Um “case” exemplar
Após as explanações dos membros da mesa, o promotor Gilmar de Assis usou da palavra para passar uma mensagem à opinião pública sobre o novo momento do São João. O promotor foi elogiado pelas autoridades presentes por ser um representante do Ministério Público diferente daqueles que só pensam em processo judicial e menos em solução dos problemas.

— Quero deixar aqui registrada a alegria pela aposta do Ministério Público de Defesa da Saúde de que este é o caminho correto. Não podemos prescindir deste equipamento hospitalar pelo que representa para a macrorregião Oeste — disse.
Em sua mensagem, Gilmar de Assis afirmou que a população tem o direito de questionar sobre o hospital e que a transparência deve ser um princípio que não se deve perder de vista.

— A população está no papel dela, de nos cobrar, isso faz parte do processo. Queremos que cobre! Estamos oportunizando, pela primeira vez, transparência. O controle social da mídia para com a sociedade usuária é fundamental para que essa população possa conosco passar a acreditar naquilo que denomino “oportunidade” — acrescenta.
Assis afirmou que a recuperação do HSJD é o primeiro “case” do Brasil em que forças diversas integram-se numa comissão consensual (não agressiva) para intervir de forma incomum numa situação interna de um hospital em profunda crise.

— Esta é, talvez, a melhor resposta ao Brasil em crise, de que se faz política estadual ou nacional de atendimento hospitalar aqui de forma solidária, e não solitária. Este hospital tem de ser resgatado em seu grau de excelência por tudo o que representa na macrorregião. Não se trata mais de vender ilusão — destacou o promotor Gilmar de Assis.

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