Rafael Camargos
Foi autorizado na noite desta segunda-feira, 19, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Barroso, a transferência de Marcos Valério, operador do esquema de corrupção conhecido como “Mensalão”, para o presídio em Lagoa da Prata. Marcos está preso em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte e foi condenado a 37 anos de prisão. A informação foi divulgada pelo portal jurídico.
De acordo com o documento divulgado, Valério teria dito ao STF que se ele continuasse na penitenciária Nelson Hungria, a negociação de sua delação premiada correria risco. O documento tem 148 anexos e cita pelo menos 50 políticos e autoridades com atuação em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Ainda conforme a publicação, uma das solicitações da defesa foi justamente a transferência imediata do empresário. Valério diz não se sentir seguro no atual local de detenção.
A partir do segundo semestre do ano que vem, Marcos Valério teria direito à progressão de pena do regime fechado para o semiaberto. Contudo, a expectativa da defesa é que ele consiga ir para a prisão domiciliar.
Solicitação
O pedido de transferência para Lagoa da Prata ocorreu em fevereiro. Na época, Valério apontou um endereço na cidade que seria da mãe e de sua companheira. Mas o juiz de Lagoa da Prata, Aloysio Libano de Paula Junior, foi ao local e conversou com o proprietário, que negou que elas morassem lá. Por isso, o pedido foi negado.
Na ocasião, a defesa esclareceu que o proprietário tinha um contrato de locação segundo o qual deveria guardar sigilo. A explicação foi aceita pelo juiz Wagner de Oliveira Cavalieri, de Contagem e até mesmo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi favorável à transferência para Lagoa da Prata.
Nova mudança
Agora, a defesa de Valério solicitou nova transferência. No novo pedido, feito no dia 14, a defesa alega que o acordo de delação premiada em negociação com o Ministério Público Federal (MPF) está sob risco, caso Valério continue detido no presídio Nelson Hungria. Diz ainda que os agentes penitenciários folheiam os documentos que estão sendo escritos por Valério e que deveriam ser sigilosos, levando ao risco de vazamentos.