Jorge Guimarães
A liberação de parcelas de salários de servidores municipais e estaduais nas vésperas do Natal pode ter sido a salvação para o comércio no período. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Divinópolis, Rogério Aquino, percebeu uma pequena aquecida nas vendas após esses pagamentos. Os vencimentos dessas categorias vêm sendo pagos de forma escalonada.
– Sem termos ainda a comprovação dos números finais, seguindo meu “feeling”, acredito que as vendas tenham se equiparado às do ano passado, girando em torno de 2% de aumento. Isso se deve ao aquecimento das vendas depois do dia 22, quando a segunda parcela dos salários de servidores municipais e depois dos estaduais foi creditada – resumiu o presidente.
Opiniões divididas
No comércio, a avaliação depende do segmento de cada um.
– Nossas vendas superaram as expectativas, foram muito boas, e ainda estamos vendendo durante as trocas de produtos. Sinceramente, não esperava tanto assim desse Natal, mas nos surpreendeu – avaliou Marcelo Naves, gerente de uma loja de material esportivo.
Também no setor de prestação de serviços os números foram bons. Lanchonetes e restaurantes tiveram movimento acima do normal na semana que antecedeu o Natal.
– Tanto no restaurante quanto no pub, o movimento foi acima da média. Os encontros de amigos para o tradicional Amigo Oculto e confraternizações de empresas foram o carro-chefe para o aumento das vendas. Isso sem contar com as promoções que estamos fazendo ao longo do mês. O empresário tem de se reinventar a cada dia, não pode ficar parado à espera do cliente – argumentou Paulo Roberto, empresário do ramo de bares e restaurantes.
Se para alguns as vendas superaram as previsões, para outros, se não foram boas, igualaram-se às do ano passado.
– As expectativas eram mais positivas. Porém, as vendas se equipararam em números com o mesmo período do ano passado. E com grande prática de troca de produto ou de marca entre os consumidores, preferindo os de preços menores – detalhou Sérgio Antônio, gerente de uma loja de supermercados.
Indicador em baixa
De acordo com o indicador apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as consultas para vendas a prazo registraram queda de 1,46% na semana que antecedeu o Natal, entre os dias 18 e 24 de dezembro. Esse é um dos indicadores de venda no período.
Trata-se do terceiro ano consecutivo em que as compras parceladas apresentam queda nessa época, mas em 2015 a contração havia sido a pior em cinco anos, de -15,84%; e, em 2014, foi de -0,7%.
– O resultado negativo já era aguardado pelos lojistas e reflete a tendência de desaquecimento das vendas no varejo observada ao longo de 2016, em virtude do cenário econômico desfavorável, com crédito mais caro, inflação elevada, aumento do desemprego e baixa confiança do consumidor para se endividar – analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.
Juros altos
A queda nas vendas a prazo, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), deve-se também aos altos juros cobrados, o que fez o consumidor optar pela compra à vista.
– Em números, em relação ao ano passado, nossas vendas em cartão de crédito foram menores. Os altos juros podem ser um dos motivos da queda. Mas, no geral, nossas vendas ficaram equilibradas, dentro do previsto – disse Gabriel Vasconcelos, empresário do ramo de confecção.
