Batendo Bola
José Carlos de Oliveira
Com o time rebaixado ao Módulo II, pensar no futuro teve um peso totalmente diferente para a diretoria do Guarani. A segunda metade do ano não foi do modo que os dirigentes sonhavam, mas nem por isso eles deixaram de pensar na reestruturação do Bugre, como clube e time de futebol.
Já com nova diretoria no comando (Vinicius Morais substituiu seu pai, Gilson, no meio do ano), o Guarani começou a mirar no futuro, no Módulo II, já sem contar com a verba dos direitos de televisão, que o clube perdeu ao ser rebaixado.
Sem a grana da TV, as dificuldades seriam e serão maiores e novos caminhos terão de ser buscados e encontrados. E foi neste sentido que o novo dirigente começou a sua caminhada à frente do clube: buscando parcerias e mantendo vivo o sonho de voltar a trabalhar com atletas da base, dando oportunidade a que jovens jogadores da cidade e da região possam defender a camisa do Tamanduá.
Uma parceria de sucesso
De olho em dar chance para que jovens atletas ligados ao clube de Porto Velho pudessem ter onde competir, ainda sob o comando de Gilson Morais, a diretoria firmou uma parceria com o Athletic, da cidade de São João del-Rei, para a disputa do Campeonato Mineiro Sub-20, competição promovida pela Federação Mineira de Futebol (FMF).
E o time do Guarani/Athletic fez belo papel no Estadual, superando todas as expectativas. Na primeira fase, disputando contra outras 12 equipes de toda Minas Gerais, o Bugre garantiu uma das seis vagas na fase final do torneio, quando competiu contra os grandes da capital, mais Villa Nova (Nova Lima) e Araxá Esporte, equipes que trabalham há anos na base, já com estrutura montada para fazer frente às dificuldades da competição.
Em jogo, estava o título do interior e uma vaga na Copa São Paulo Júnior em 2018 (eram quatro em disputa). Infelizmente, não deu para o time de juniores, o Guarani ficou na quinta colocação. Mas nem por isso deixou de ter motivos para festejar.
Ainda durante o hexagonal (fato que até prejudicou o Guarani, que acabou perdendo dois importantes atletas na reta final do torneio), a diretoria acertou a ida dos garotos Márcio e Lucas Neves, de apenas 16 anos, para o Cruzeiro, com a parceria Guarani/Athletic mantendo 15% (7,5% para cada um) dos direitos econômicos dos atletas. E mais tarde, já com o campeonato encerrado, também o garoto Jonas acertou com o clube da capital.
Se o mais importante na base é revelar atletas, o primeiro passo havia sido dado, e o Guarani tinha, sim, motivos para festejar. Para uma primeira experiência, o saldo foi mais do que positivo, e muito mais pode ser feito agora em 2017.
Garotos conquistam dois troféus
E o trabalho na base esteve bem mais estruturado durante a temporada que passou. Sob o comando do jovem treinador Marco Túlio Cordeiro, o Bugre manteve todo o ano as categorias Sub-15 e Sub-17 em atividade, treinando semanalmente no Farião e disputando torneios municipais e estaduais.
Novamente, a diretoria e a torcida tiveram motivos para festejar a decisão. O time Sub-17 chegou até a semifinal do Campeonato Mineiro IMEF. Já os garotos do infantil, a equipe Sub-15, foram bem mais longe, dando ao Bugre seus primeiros títulos na volta às disputas de base.
No Campeonato Mineiro, promovido pelo Instituto Mineiro de Escolinhas de Futebol (IMEF), os garotos derrotaram o Paraense na grande final e ficaram com a taça de campeões. No Campeonato da Cidade, organizado pela Liga Municipal de Desportos de Divinópolis (LMDD), o adversário foi o time da Inter Academy e, mais uma vez, o Guarani e se sagrou campeão.
Em um ano, dois troféus a serem festejados e a participação na fase final do Sub-20 são, sim, algo a ser comemorado. Mas tem também o outro lado da notícia. Foram garotos e famílias inteiras que passaram a conhecer o clube de perto e agora já engrossam sua fileira de torcedores. E este, sim, é o objetivo principal de todo este trabalho: trazer de volta a torcida ao Farião, para acompanhar de perto tudo que é realizado pelo clube do bairro Porto Velho.
Hora e vez dos mais jovens
A semente foi plantada. Agora caberá à nova comissão técnica, que será comandada por Flávio Lopes, valorizar o trabalho que foi desenvolvido pela diretoria em 2016, dando oportunidade aos jovens valores na disputa do Módulo II na próxima temporada. O caminho foi mostrado, a semente plantada. Colher os frutos caberá à nova comissão técnica.
E se tem algo que o divinopolitano pode se orgulhar no ano que passou, no que se refere ao esporte, foi justamente o fato de o Guarani não ter baixado a cabeça com o rebaixamento. Pelo contrário, o clube assimilou o golpe e tratou de se reestruturar para escrever uma nova história. Os primeiros passos já foram dados e, a continuar nesta toada, 2017 tem tudo para ser um ano de vitórias e conquistas para todos que amam e vivem o Bugre.
(Continua na quinta-feira, 5/1/17.)
