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Secretário denuncia dispersão dos acervos histórico e artístico

by Portalagora

Flávio Flora

 

O novo secretário municipal da Cultura, Osvaldo André de Mello, recebeu a reportagem do Agora para conhecer seus planos para a cultura e a memória de Divinópolis nos próximos quatro anos. Ainda “tomando pé” da situação e avaliando o que deve prosseguir e o que não vai ter continuidade, na conversa que durou mais de 40 minutos, o secretário expôs a situação em que se encontram os principais prédios da sua pasta: o Centro de Artes, o Museu Histórico, a Escola de Música Ivan Silva, o Teatro Usina Gravatá e o Museu do Ferroviário.

 

Centro de Artes

 

Osvaldo André disse que pretende reativar o Centro de Artes, localizado no conjunto da praça Benedito Valadares, que é um local insalubre, inadequado para determinadas atividades. Atualmente, está cedido “indevidamente” à União Estudantil de Divinópolis (UED).

— O Centro de Artes realmente é um espaço cultural público, mas tem alguns problemas relacionados à umidade e ao sistema sanitário que restringe sua utilização. A nossa ideia é que o Centro atenda atividades temporárias, mas não definitivas — esclarece.

Perguntado sobre o acervo de artes plásticas que o espaço guardava no passado, Osvaldo disse que as obras foram enviadas para a guarda do Museu Histórico, com registro em ata, mas que se encontram espalhadas por vários lugares da cidade, enfeitando dependências da prefeitura. Disse que seu projeto a médio prazo é reunir novamente as peças porque o acervo tem obras suficientes para justificar a instituição de um museu de artes plásticas.

 

Escola de Música

 

A Escola de Música Maestro Ivan Silva também recebe a atenção do secretário, não só por ele ser parte da história inicial da instituição que marcou época.

— No momento, eu encontro a Escola descumprindo o seu regimento interno, com ações boas, ressalte-se, mas sem garantia de continuidade (…) Eu encontro a Escola de Música desfalcada de instrumentos, que me disseram, foram roubados; mas, não encontramos nenhum registro desse fato, um boletim de ocorrência, nada… sumiu! — disse Osvaldo André.

 

Teatro Municipal

 

A avaliação que o secretário faz dos bens culturais de Divinópolis inclui o Teatro Usina Gravatá, cujo telhado está com problemas porque não foi consertado como devia; não se encontrando lá a manta que deveria proteger os equipamentos que fica sob a cobertura. Em relação ao uso do teatro, já está em andamento uma nova organização da agenda para vigorar no segundo semestre com tudo novo, visando a uma programação de “excelência”, que seja de diversão, mas que contribua também para o desenvolvimento estético, conhecimento de arte, disciplina, enfim, para o próprio crescimento espiritual do público.

 

Museu Histórico

 

Sobre o Museu Histórico, o secretário municipal de Cultura avaliou que ele foi sucateado e que estava sem chefia, porque o gestor havia assumido uma outra gerência na administração, sem atentar para a documentação do acervo.

Osvaldo disse que essa gerência dispersou os acervos de artes plásticas e da memória ferroviária, destacando que uma miniatura de locomotiva doada por ferroviários da Rede Mineira de Viação (RMV) foi levada para o Centro Administrativo e lá está, avariada depois de uma queda. Um relógio antigo do museu também está no Centro Administrativo, com o vidro quebrado.

A própria situação do imóvel do museu inspira cuidados, pois há infiltrações no subsolo por problemas nos aparelhos sanitários e o madeiramento precisa de atenção e mais cuidados.

— É uma situação que a gente lamenta muito, porque nosso trabalho anterior foi extremamente zeloso e técnico, envolvendo pessoas competentes e dedicadas, e chega ao ponto que chegou. Mas com as pessoas que estamos arregimentando, é certo que recolocaremos nos trilhos os vagões da cultura descarrilados nos últimos anos — prometeu Osvaldo André, dizendo que vai insistir novamente com o Museu do Ferroviário, que tem tudo para dar certo.

 

Gestores anteriores

 

A reportagem também ouviu o gestor do Museu Histórico, Welber Skaull Tonhá Silva sobre as críticas do novo secretário.

 

— Essa ideia fazia parte do projeto Museu Itinerante, que visitou a Uemg, a Unifenas, muitas escolas como a E. M. Antônio Olímpio de Moraes e a E. E. Chico Dias, e diversos espaços como a Câmara Municipal, o Shopping e praças (durante o projeto Boa Praça). E no caso do novo prédio da prefeitura, que tem em cada andar um saguão temático para exposições, exposições que montamos lá de acordo com cada tema, e não de forma decorativa como sugeriram. Este projeto foi um sucesso, pois muitas pessoas, principalmente estudantes não tem condições ou tempo de ir até o Museu. Mas respeito a opinião de quem pensa a gestão de forma diferente da minha.

No seu comentário, Welber manifesta seu descontentamento pelo secretário adotar informações “equivocadas” que abalam sua imagem como gestor, trabalho que fez com muito carinho, amor e dedicação.

— Reconheço que poderia ter feito mais se tivesse condições, mas só tenho um auxiliar de serviços e uma bibliotecária (por meio período) para ajudar, e o acervo é grande e complexo. Sem contar o fato de que ninguém fez transição ou me passou o serviço; eu aprendi na marra, e reconheço que tenho ainda muito que aprender — desabafou.

O ex-secretário de Cultura Bernardo Rodrigues também foi ouvido pela reportagem.

— Nossa prioridade sempre foi facilitar e democratizar o acesso à arte e à cultura. Uma obra de arte guardada não é arte. Nesse sentido, é melhor uma obra permanecer em exposição nos espaços públicos do que escondida numa reserva técnica. Iniciamos diversos projetos novos na Escola de Música. Tivemos o início da Orquestra Jovem de Divinópolis, dá Musicalização Infantil, mudamos o regimento, compramos novos instrumentos, aumentamos o número de alunos e criamos mecanismo de financiamento, com R$ 20 mil em conta para investimentos imediatos, além de convênio para aquisição de novos equipamentos.

Bernardo referiu-se a um longo processo de reforma e manutenção do Teatro Municipal, alegando que foram feitos muitos reparos na parte elétrica, no forro do foyer e no revestimento interno

— Deixei em andamento processo licitatório para contratação de empresa para fazer a manta, com recurso de convênio em conta. Só não fizemos antes foi porque a empresa que venceu a licitação não teve condições de executar o serviço, atrasando a obra — ressaltou.

O ex-secretário comentou sobre o Museu, enumerando as dezenas de exposições com grande público, com o museu funcionando aos domingos “sempre com atividades de extensão na praça, com shows, teatros, contação de histórias, concertos etc.” mencionou que na sua gestão foi instituído o Fundo Municipal de Cultura e a pontuação do município no ICMS Cultural, também melhorou, o que vai garantir recursos para os reparos que precisam ser feitos.

Finalizando, voltou à crítica de Osvaldo André, de que sua gestão permitiu a dispersão de bens históricos e artísticos, sugerindo que é uma questão de conceito.

— O que o secretário chama de dispersão eu chamo de popularização, proporcionando ao público oportunidade de conhecer e se reconhecer nesse importante acervo. Acho importante que a nova administração tenha ideias distintas, prioridades diferentes, outras concepções de gestão cultural. Fazemos um balanço extremamente positivo desses últimos oito anos — concluiu o ex-secretário.

 

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