Pagamento à vista é a estratégia da vez

 

Jorge Guimarães

 

A Medida Provisória 764/2016 é uma solicitação antiga de todas as entidades que trabalham na defesa dos interesses dos varejistas. Ao contrário do que pensam alguns órgãos de Defesa do Consumidor, esta nova “Lei” busca trazer inúmeros benefícios para aqueles que, por questões pessoais, não trabalham com os cartões, ou o “dinheiro de plástico”.

Segundo especialistas no assunto, é ilusório alguém defender a tese de que as empresas não repassam para o preço das mercadorias todos os seus custos. O fato é que, se não pode haver diferença de preços para quem paga no cartão ou quem paga no dinheiro, este custo será cobrado de todos.

Esta diferenciação de preços, ou desconto, não é obrigatória, ficando a cargo de cada varejista a melhor forma de atender a sua clientela. Todas as demais regras previstas no Código de Defesa do Consumidor, no que se refere à publicidade dos preços das mercadorias, preços nas vitrines e demais mercadorias expostas continuam valendo. A única diferença é que a Medida Provisória 764/2016 agora permite que seja anunciado um preço à vista para cartão de débito, para cartão de crédito, para cheque e para dinheiro.

 

Opções  

Para os varejistas que optarem por não conceder desconto para pagamento no dinheiro, no cheque ou no cartão, a presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Divinópolis, Alexandra Galvão, sugere atenção redobrada no repasse dos valores pelas administradoras, e no seu real custo.

— É prática comum, atualmente, as administradoras de cartão não fazerem o repasse dos valores devidos, ou fazerem a “antecipação de recebíveis” sem a solicitação da empresa, causando prejuízos enormes, uma vez que as conferências desses créditos são muito difíceis de serem feitas devido à complexidade dos extratos, o que aumenta o custo operacional da mesma —avaliou a presidente da CDL, Alexandra Galvão.

 

Diminuir prazo

Todas as CDLs agora partem para uma nova empreitada, que é convencer as administradoras a diminuir o prazo entre a venda e o repasse dos valores e diminuir as taxas cobradas, embora economistas continuem afirmando a necessidade de as entidades fortalecerem o crediário próprio.

— É sabido que as perdas no sistema de crediário ficam infinitamente inferiores ao custo total da venda no cartão de crédito, além de ser uma ótima ferramenta de fidelização do cliente. Assim, temos que olhar também para o pequeno e microempresário e valorizar o seu comércio próprio, aquele que ainda tem suas características próprias como a velha “caderneta”, que ainda é um dos meios de fidelização do consumidor. O livre comércio vai de cada empreendedor e cabe a ele distinguir o que é melhor para seu negócio e para seus clientes — finaliza a presidente.

 

Estratégias

Sabe aquele ditado de que “quem chega primeiro bebe água limpa”? Pois é, já tem empresário em Divinópolis se utilizando da MP e se dando bem.

— Essa era uma antiga reivindicação dos proprietários de postos de combustíveis, que pediam sempre a diferenciação dos preços em se tratando de pagamento em dinheiro ou cartão. Mas só que o Procon sempre barrava qualquer iniciativa direcionada a este propósito. Mas agora, com a liberação da MP,  estamos mais abertos a realizar promoções nos preços dos combustíveis, já que eles sempre foram livres dentro do segmento. Assim, estamos realizando uma promoção, já há 15 dias, com direito a desconto especial nos pagamentos em dinheiro ou no débito, o que já nos gerou um aumento nas vendas no cartão de débito em torno dos 20% — disse o proprietário de um dos postos mais tradicionais da cidade, Alvimar Mourão Neto.

Outro empresário que, depois da MP, está com estratégia nova é Paulo Roberto, proprietário de dois estabelecimentos comerciais ligados à gastronomia.

— Logo após a liberação traçamos uma estratégia econômica para ser utilizada em nossos estabelecimentos. Assim, determinamos que, com o pagamento à vista “em dinheiro”, o consumidor teria um desconto de 10%. Com essa medida aumentamos de 30% a 40%, o faturamento no pagamento à vista — avaliou o empresário.

Para outro empresário, Ricardo Rocha, a medida é um atrativo a mais, o que diferencia os empreendimentos de outros do segmento.

— De 10% em 10%, no nosso dia a dia, no final do mês dá uma boa grana. E ainda tem o lado de travar nossas contas com o uso do cartão, assim não ficamos tentados ao gasto sem pensar que depois vem a boleta. À vista, com desconto, é a melhor solução para os dias de hoje —afirma Ricardo.

 

 

 

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