Jorge Guimarães
Um trio formado por violão, violoncelo e violino. Parece pouco, mas no momento em que os arcos e dedos dão início à música você se surpreende com a grandeza do que ouve. Obras executadas com maestria por gente que verdadeiramente ama o que faz e, além disso, ainda se dá ao luxo de construir os seus próprios instrumentos.
Este é o Minueto, um trio formado há mais de 30 anos e que tem à frente o violonista Carlos Olavo. Desde seu início, vários músicos passaram pelo grupo que hoje conta em sua formação também com o seu filho, o violoncelista e luthier, Carlos Eduardo e a esposa dele, a violinista Suzy Cristina.
A especialidade do trio é a apresentação de músicas em cerimônias de casamento, bodas, bailes, formaturas e também em eventos empresariais. Com uma extensa carreira já consolidada, o Minueto se apresenta tanto em Divinópolis quanto em toda a região Centro-Oeste.
História
A música entrou na vida dos Carlos, pai e filho, a partir de sua bisavó que morava em São Paulo e que possuía uma sólida formação musical. Seu filho, avô de Carlos Olavo, tinha muita vontade de tocar um instrumento, conta Carlos Eduardo, e sem recursos, decidiu fabricar um. Nesta época, já moravam em Belo Horizonte. Ele acabou se entusiasmando e de sua modesta oficina logo estavam sendo fabricados contrabaixos acústicos, violinos, violões, violoncelos e até pianos.
— Ele era apaixonado por instrumentos de corda em geral — recorda o neto, Carlos Eduardo.
Geração
E a paixão passou para mais uma geração. Dono de restaurante em Divinópolis, Carlos Olavo também resolveu iniciar a fabricação de instrumentos. Nascia a ARFI – Armando Filho, lá pelos idos de 1970. A fábrica continuou existindo por muitas décadas chamando sempre a atenção de quem passava pela porta na rua hoje chamada Dr. Ribeiro Pena, bem ao lado da linha férrea, próximo ao campo do Flamengo no Centro.
Carlos Eduardo diz que sua inclinação erudita é herança da sua mãe. Já aos quatro anos de idade acordava mais cedo que todos da casa para ligar na TV Manchete que, na parte matutina, não passava nada além de música, clássica, é claro. Feliz, diz que o mesmo entusiasmo já atingiu sua filha que também é uma “devoradora mirim” de música erudita.
Inicio
Aos 11 anos, Carlos Eduardo, pediu a seu pai para lhe ensinar a tocar violão e a fabricar instrumentos e acabou ganhando dele um violão modelo concertista da famosa marca Tranquillo Gianinni, hoje caro e muito raro. Como bom menino, desmontou o violão peça por peça e a partir do gabarito construiu o seu próprio instrumento que, segundo ele, não ficou nada a dever ao modelo original.
Já na década de 1990, uma televisão local marcou uma reportagem para mostrar a fábrica de instrumentos que Divinópolis tinha e que muita gente ainda não conhecia. Seu pai chamou um companheiro que levou um violoncelo junto para a apresentação que seria gravada. E, quando Carlos Eduardo que acompanhava a reportagem viu o cello foi amor à primeira vista. Nesta época, estava focado no violino, mas depois daquela revelação do violoncelo.
— Não tirava os olhos e as mãos do instrumento —recorda com emoção.
Formação
Todos os integrantes do Trio Minueto possuem uma formação erudita bastante sólida e não param de estudar porque, explica Carlos:
— A gente nunca está totalmente pronto — sintetiza.
Inicialmente, o trio não tinha nome. Este foi sugerido pela esposa do Carlos e violinista do trio, Suzy.
— O nome é bastante apropriado porque o minueto é um trio mesmo, a formação da estrutura musical de um minueto é dividida em três partes e em compasso ¾” — esclarece o violoncelista, Carlos Eduardo.
Mesmo tocando menos em concertos do que em outros eventos, Carlos assegura que o rigor é o mesmo. E para isso, basta fechar os olhos e se deixar levar pela excepcional execução do Trio Minueto.
