Flávio Flora
No começo de tudo, ao final dos anos 1960, havia uma publicação artístico-literária mensal sob o título “Agora”, de cuja equipe faziam parte Lázaro Barreto, Osvaldo André de Mello e Fabrício Augusto, entre outros participantes. Nesta época, circulava também o jornal “O Regionalista”, noticioso quinzenal dirigido pelos jornalistas Vanir Vasconcelos de Meneses, Jaques Guimarães e Marcius Sana.
As dificuldades financeiras e de produção enfrentadas pelos dois órgãos aproximaram as equipes para se fundirem, no início de 1971, ensejando a formação de uma sociedade interessada em publicar um jornal semanal regional impresso em gráfica própria. Para viabilizar o novo projeto, uniram-se ao pessoal do “Agora” e do “O Regionalista”: Afonso Salgado, Antônio Eustáquio Rodrigues Cassimiro, Fernando Teixeira de Oliveira, Ivan Silva,José de Arimathéa Mourão, José Lúcio Fonseca e Pedro Magalhães de Faria. Por discordância do projeto editorial, então voltado para publicação de notícias locais e regionais, nesse ano mesmo, deixaram organização os integrantes do “Agora” literário.
Um novo jornal
A primeira edição do semanário Agora/ Regional ocorreu em 1º de junho de 1971 e assim circulou até março do ano seguinte, quando passou a sair às quintas, chegando a uma tiragem de três mil exemplares, sendo procurado para a publicação de pequenos anúncios e publicidade oficial.
Nessa época, incorporou-se ao veículo os jornais “Carta” e “Variante” (de Arimathéa Mourão), enquanto a gráfica prestava serviços a terceiros, produzindo pequenos impressos e cartazes. A gráfica dispunha dos equipamentos essenciais: duas impressoras (plana e manual), uma compositora de linotipo, uma variedade de tipos e uma cortadeira de papel.
Importante notar que o Agora criou na cidade o hábito de ler jornais locais, como demonstra o caso de um lavrador, que procura a redação do periódico todos os sábados, quando vem às compras, para levar o seu exemplar (…) A história é simples, mas a gente se admira de ter crescido tanto — registra o Editorial, de 1º/06/1972.
Com o sucesso alcançado, a partir de 4/01/1973 passou a ser bissemanal, até o final da década, quando ingressou na fase de diário (de terça a domingo), em 1978.
Em 1990, o jornal foi pioneiro em Minas Gerais a utilizar impressora a laser, primeiro pelo sistema “nylon print” e, depois, no off-set.
Em 1993, a jornalista Sonia Terra assume a direção, tornando-se a primeira mulher a assumir um cargo até então ocupado apenas por homens.
— Mantenho a convicção forjada nos primórdios do jornalismo: nada substitui a presença física do repórter no teatro da ação. Funcionamos como a memória da sociedade, daí a preocupação em acompanhar a edição do início ao fim — disse a jornalista, sobre seu trabalho diário.
A partir desta época, o jornal Agora sofreu grandes transformações gráficas e editoriais, dando saltosde qualidade emconteúdo, regularidade e confiabilidade, sempre ressaltados nos marcos de cada mil edições. Hoje está nas bancas o número 12 mil, coincidentemente na data comemorativa dos 46 anos do jornal. Não é pouco.
– Sem dúvida, estamos preparados para o futuro. Fizemos a nossa parte e os sucessores cuidarão de manter a tradição — afirma o coronel Pedro Magalhães de Faria, referindo-se à filha Daniela Faria Outubo, que assumiu a diretoria-administrativa do Grupo Agora de Comunicação.
RECORTE HISTÓRICO
Na dificuldade prática de destacar os principais eventos das primeiras décadas do jornal Agora, destaca-se a primeira mensagem, mostrando a que veio, e esta doze milésima edição – testemunha do ideal de berço que está sendo cumprido com dedicação e esmero.
“Agora” é tempo de crescer
Hoje inauguramos uma nova fase na vida desta equipe que, há menos de um ano, começou a implantar uma mentalidade que ainda não existia em Divinópolis: Imprensa – esta palavra esquecida nesta terra. Se havia, não possuía o seu verdadeiro sentido. Começamos com muita luta que ainda continua, conduzindo adiante um ideal de serviço através da boa informação.
Tivemos e temos coragem de levar até nossos leitores notícias que ainda são “tabu” para a imprensa interiorana. Aquelas que acontecem nos bastidores da polícia, as reclamações do povo com relação aos problemas administrativos da municipalidade. Graças a Deus, estamos cumprindo o nosso ideal de bem informar; e o mais importante é que o povo tem reconhecido o nosso esforço, tem nos auxiliado com suas críticas construtivas, enfim, tem sido um verdadeiro incentivo para que haja sempre continuidade neste idealismo de proporcionar a Divinópolis um jornal à altura de seu progresso. (…)
Ele é Agora/ Regional. É um nome mais fácil de se guardar; mais sugestivo e atraente. Nós crescemos, nós mudamos, mas isso importa pouco – o que interessa mesmo é a qualidade. É esta a nossa preocupação. Nós queremos continuar merecendo de Você, caro leitor, esta frase que está sendo lançada aos ares: “Este é o melhor jornal da cidade e da região” (AGORA, n. 1 – Excertos do Editorial de 1º de junho de 1971).