Sonhos não envelhecem

Rodrigo Dias

Tinha um truque: sempre que a vida apertava, sonhava. Fechava os olhos e se transferia para um universo paralelo. Sem essas maldades do mundo real e suas privações.

Iludido? Não. Apenas convencido de que em determinadas situações é melhor abstrair. Sair de si e do seu redor para algo melhor. Buscava uma paz. Compreendeu a diferença? Não é fuga; é, sim, busca.

Quem vive respira. Busca no ar, invisível, o sustento para continuar de pé. Mesmo não vendo, sabemos que ele, o ar, está aí e é o que nos mantém vivos.  Com os sonhos não é diferente.

Eles são necessários para acreditarmos que é possível. São ainda um alento a esse mundo de caos. Nos sonhos projetamos nossos desejos e idealizamos o “ideal”. Para muitos, a vida priva muita coisa. Não ser possível ao indivíduo sonhar é sentenciá-lo à morte, mesmo estando vivo.

Renato Russo cantou:

“Tudo é dor e toda a dor vem do desejo de não sentirmos dor.”

Este é um fato contundente. Como é também aquele que expõe que o desejo ameniza a dor. Quem deseja tem um lastro de fé. Quem tem fé é porque acredita em algo e por acreditar se vê motivado a agir, realizar… caminhar na direção da realização desse desejo.

William Shakespeare – poeta, ator e dramaturgo – há séculos disse:

“Nós somos do tecido de que são feitos nossos sonhos”.

O homem é uma inspiração divina. Se sonhamos é porque está em nós e estando é possível ser. Caso não se consiga, a constante tentativa fará do homem que sonha uma pessoa melhor do que aquela pessoa passiva, que não se dá ao direito de nem desejar.

Sonhar em ter um carro melhor, dinheiro no banco, são sonhos recorrentes e necessários. Mas tenho comigo que não há sonho melhor do que o desejo de paz de espírito.  Aquele que dê eixo e equilíbrio.

Quem está em paz sofre menos com as outras coisas. É essa necessidade que nos é recorrente: paz. A palavrinha é curta, mas cada um dá a ela o seu sentir. Paz não é só tranquilidade ou ausência de dor. Paz é parcimônia, no sentido da sobriedade. O sóbrio vê e julga melhor e toma melhores decisões.

O sonho que estimula é bem diferente do “viver no mundo da lua”. O sonhar tem o seu momento e não se mistura com a realidade. Caso isso ocorra, aí é de fato fuga e não busca.

É entorpecer o sentido para dar sentido à vida, e isso não funciona. Nem em sonho. artigorodrigodias@gmail.com

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