Especial Dia das Mães: Mulher vence câncer e tem 2º filho

Juliana Lelis

O medo da morte, seguido pelo presente da vida. Com 41 anos e dois filhos, Rosemeire Neli Botelho enfrentou duas vezes o tratamento contra o câncer de mama. Mas seu milagre não está apenas na cura da doença. Surpreendendo as previsões médicas, menos de dois anos após terminar seu primeiro tratamento, Rosa, como é chamada pelos amigos, descobriu a gravidez de seu segundo filho.  Hoje, com uma filha de 9 anos e o caçula de 5, a mãe comemora o final vitorioso de seu segundo tratamento.

Em agosto de 2009, após sentir um nódulo em sua mama, a professora Rosemeire procurou um especialista para descartar algo grave. Na época, sua filha Eduarda estava com apenas 2 anos. Como o término da amamentação era recente, Rosa acreditava que o caroço poderia ser relacionado a este fator. Ao fazer os exames, veio o choque: era câncer.

Tratamento

Rosa iniciou tratamento com duas punções mamárias, a retirada completa da mama e o esvaziamento da axila.

– Depois das cirurgias, foram oito quimioterapias e 31 radioterapias. É um tratamento muito triste e doloroso. Perdi o cabelo e ainda tive a retirada da mama, o que mexe muito com a autoestima da gente. Quando você descobre isso, especialmente com uma criança pequena, você pensa o que vai ser dela se você morrer. E falava para mim que eu não podia morrer, eu tinha de viver porque ela precisava de mim – acrescentou.

Milagre

Mesmo com as dificuldades do tratamento, Rosa conta que, com fé em Deus e o apoio de sua família, de seu marido e a força de sua filha, conseguiu superar todas as etapas.

– Terminei o tratamento, fiz as fisioterapias e, um ano e meio depois, eu descobri que estava grávida. Foi um choque, comecei a chorar, fiquei apavorada, porque tinha muito medo de o tratamento prejudicar meu filho de alguma forma – lembrou Rosa.

Rosemeire conta que procurou sua médica em um plantão à noite para mostrar o exame e se lembra das palavras dela ao ver o resultado.

– Ela mesma ficou espantada com a gravidez e disse: “Gravidez é saúde, você estar grávida depois desse tratamento é como ganhar na loteria, pode passar em meu consultório, porque agora vamos fazer é seu pré-natal”– relatou.

Nos primeiros meses de gravidez, o medo de algo prejudicar o filho sempre passou pela cabeça de Rosa, mas, ao pegar Gabriel de 4,5 kg e 52 centímetros, a mãe teve certeza de que estava segurando o seu milagre.

– Até minha médica chorou. A mesma profissional que fez a retirada da minha mama foi a que fez o meu parto. Primeiro, passamos por uma sensação de morte quando recebi o diagnóstico e, depois, tive essa dádiva da vida. Na hora em que peguei o Gabriel no colo, tive certeza da minha cura, pois, se Deus me deu um filho, eu devia me manter firme e crer que venceria isso – afirmou.

Segunda vitória

Sete anos e três meses após encerrar seu tratamento, Rosemeire sentiu pela segunda vez um pequeno nódulo em sua outra mama. Mesmo apavorada, na mesma semana procurou sua médica e recebeu seu segundo diagnóstico.

– Na mesma semana em que fui diagnosticada, já operei. Graças a Deus foi um grau simples, só retirei o nódulo, fiz mais quatro quimioterapias e 28 radioterapias. Porém, dessa segunda vez, já enfrentei o tratamento com mais força e fé de que poderia, sim, superar isso. Sabemos que é uma doença que não tem uma cura definitiva.Então, tenhode me tratar especialmente pelos meus dois filhos que precisam de mim, que me dão força. Por isso, eu sabia que poderia vencer isso novamente – contou.

Rosa define o apoio de seus filhos como essenciais para sua segunda vitória.

–Nessa segunda vez, a Eduarda, já com 9 anos, entendia melhor o que estava acontecendo. Uma vez, quando comecei o tratamento, fui buscá-la na escola e a professora de religião estava me esperando na porta, para contar que na aula tinha feito uma atividade em que os alunos deveriam imaginar que Deus estava na sala. E perguntou o que eles pediriam ou agradeceriam. Minha filha falou que a única coisa que ela queria pedir de especial era que a mãe dela passasse pelo tratamento e se curasse –lembrou, emocionada.

Amor e fé

Rosa afirma que, sem fé em Deus e o amor de seus filhos, não teria superado sua batalha e deixa um conselho para as mães que também enfrentam essa luta.

–Sempre que eu olhava para os meus filhos, eu pensava que, se meus menininhos estão com a fé firme, eu também tenho de estar. Então, meu conselho é que, em primeiro lugar, a gente tem de ter fé em Deuse pensar que tudo tem um propósito. Mesmo com tudo de ruim que o tratamento traz, é um grande aprendizado. Se entregar os pontos, você não consegue passar por isso. E eu posso afirmar que hoje eu sou uma pessoa melhor e mais feliz do que antes – concluiu.

 Até sábado, o Jornal Agora e o Portal Agora trazem série de reportagens para celebrar o Dia das Mães.

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