Audiência reconhece como prioridade criação da guarda em Divinópolis

 

 

Flávio Flora

Aumento do contingente policial, uso de tornozeleiras em infratores menos ofensivos, instalação de postos policiais nas comunidades mais distantes da cidade e zona rural e necessidade da guarda municipal. Estes foram os principais pontos abordados na audiência pública, realizada na última quinta-feira 18, para tratar de aspectos críticos da segurança pública em Divinópolis.

Os trabalhos foram coordenados pelo vereador Sargento Elton Geraldo Tavares (PEN), titular da Comissão de Direitos Humanos e Defesa Social, e reuniu autoridades civis e militares vinculados à área: o deputado estadual Fabiano Tolentino (PPS); o vice-prefeito Rinaldo Valério (PV); os representantes da Polícia Militar: coronel Helbert William Carvalhaes (comandante da 7ª Região da PM), tenente-coronel Marcelo Augusto Santos (comandante do 23º BPM) e tenente-coronel Manoel dos Reis Moraes, (comandante do 10º BM).

Na mesa dos convidados especiais estavam também os delegados regionais da Polícia Civil: Ivan José Lopes (do 7º Departamento de Polícia Civil) e Leonardo Pio (comandante regional da PC); o promotor de Justiça Marco Antônio Costa; o advogado Sérgio Eustáquio Ribeiro Martins (presidente da Associação dos Advogados do Centro Oeste/ AACO/MG); o presidente da Associação Comunitária para Assuntos de Segurança Pública / ACASP, José Levi; e o vice-presidente de Agropecuária da Associação Comercial de Divinópolis/ Acid, Paulo Márius.

Guarda municipal reivindicada

Na audiência, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa Social, Sargento Elton – ferrenho defensor da criação da guarda municipal em Divinópolis como incremento para reduzir espaço para o cometimento de crimes – voltou a criticar a demora de se criar a instituição policial municipal.

Comentou o posicionamento do vice-prefeito Rinaldo Valério, segundo o qual as condições econômicas atuais não permitem criação da guarda, considerando a situação de endividamento do município.

— Nós estamos pagando as dívidas e os salários; então, é necessário que tenhamos dinheiro para instalar uma guarda municipal. E um percentual para a contratação de funcionários e isso depende do aumento da nossa receita para que consigamos concluir uma parceria — justificou Rinaldo.

O vereador contrapôs com a informação de que a Secretaria Nacional de Segurança oferece a estrutura, é possível contar com recursos federais e estaduais e de um fundo municipal que garantiria seu funcionamento sem afetar os cofres municipais e com benefício imediato para a população.

 Leis mais rigorosas

O presidente da Câmara, Adair Otaviano (PMDB), elogiou a iniciativa da Comissão de Direitos Humanos, diante do crescimento da violência e da criminalidade, e enfatizou a sensação de insegurança que vem assolando os cidadãos divinopolitanos com os constantes assaltos a mão armada e execuções entre criminosos. Na visão do vereador, as leis penais precisam ser revistas:

— Temos que buscar que as autoridades competentes mudem as leis brasileiras para que a sociedade não siga injustiçada — afirmou Otaviano.

Criminalidade no interior

O deputado Fabiano Tolentino expôs sua tese de que a criminalidade “migrou” para o interior após os jogos olímpicos, que demandou reforço da segurança na Capital. Em sua apresentação, criticou a destinação de novos soldados militares, que deixou apenas 13 em Divinópolis. Também ponderou sobre as dificuldades salariais da categoria e a falta de pessoal e ferramentas nas duas polícias. Disse que direcionou uma emenda de R$ 500 mil do orçamento estadual para a segurança pública.

—Acho válido que seja feito concurso anualmente para que tenhamos um real reforço no efetivo, e apesar disto parabenizo ao 23º batalhão de Divinópolis pela constante atuação — concluiu.

O vereador Raimundo Nonato (PDT), segundo-secretário da Câmara, em seu momento, quis saber do deputado Tolentino se a Assembleia Legislativa tem atuado efetivamente pela segurança pública no interior. Em resposta, o deputado informou que já fez as solicitações ao governador Fernando Pimentel (PT) por mais concursos, mais equipamentos e mais orçamento para o setor de segurança pública e que esse é um assunto que não sai de sua pauta.

Infratores monitorados

O vereador Edson Sousa (PMDB), líder do prefeito na Casa, defendeu ajustes no Orçamento Municipal para contemplar melhor a Segurança Pública, um dos setores que demandam mais investimentos. Dirigindo-se ao promotor Marco Antônio, perguntou-lhe sobre a possibilidade do uso de tornozeleiras em infratores de menor perigo para a sociedade, como tentativa de reduzir “os índices de superlotação e custos aos cofres públicos”.

Em resposta, o promotor considerou pertinente a sugestão, mas indicou não ser possível exigir do município, gastos com a compra destes aparelhos de monitoração. Entretanto, recomendou estudo sobre uma alternativa da Câmara (por meio de projeto de lei) permitir ao município adquirir o sistema e usá-lo em convênio com o Estado.

Insegurança noturna

O vereador Vicente Nego do Buriti (PEN) destacou que a insegurança noturna cresce com a falta de iluminação em alguns pontos na cidade. Morador de uma das comunidades rurais mais violentas, o vereador pediu mais atenção com a segurança rural.

Outro vereador preocupado com a criminalidade na periferia e no campo foi Ademir da Silva (PSD), campeão de votos da última eleição, destacou demandas populares pela implantação de mais postos policiais nas comunidades mais distantes (da cidade e da zona rural) para dar mais agilidade aos atendimentos e ações policiais.

Mais policiais em rondas

A vereadora Janete Aparecida (PSD), primeira-secretária da Câmara, apresentou vários questionamentos e defendeu que a PM empregue também nas ações policiais o contingente que cuida dos serviços burocráticos e administrativos. Concordou com seu colega Ademir da Silva, quanto à instalação de postos policiais com viaturas em pontos estratégicos.

O número de lâmpadas queimadas, lotes vagos e casas abandonadas, que servem de esconderijo a bandidos, requerem uma ação mais efetiva da Prefeitura com a polícia, destacou Janete. Também ressaltou a necessidade de mais policiamento nas portas de escolas e praças, tomadas por bandidos. Ela não escondeu a desconfiança de que o presídio Floramar receber detentos de outras cidades possa ser um fator de aumento da criminalidade na região.

Ao final da audiência, o coordenador dos trabalhos, vereador Sargento Elton agradeceu a participação de todos e apresentou um resumo das demandas surgidas no encontro de autoridades:

— Faremos os encaminhamentos à Prefeitura a respeito da iluminação pública, a criação da Secretaria Municipal de Segurança Pública, a implantação da guarda municipal. Faremos também encaminhamentos através dos deputados federais sobre os assuntos pertinentes a legislação do país. E encaminharemos também ao Governo do Estado uma nota referente ao aumento do efetivo militar e civil, além da melhoria na estrutura do sistema prisional — resumiu o vereador, sobre as providências que pretende tomar a partir desta semana.

 

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