Rivalidade apenas dentro das quatro linhas

Batendo Bola

José Carlos de Oliveira

jcqueroviver@hotmail.com.br

Dando um exemplo parra os mais jovens, e mostrando que a rivalidade entre os times deve ficar restrita aos gramados, o grande ídolo atleticano e torcedor confesso do Galo, Toninho Cerezo vem fazendo um período de  intercâmbio com o técnico Mano Menezes e sua comissão técnica, na Toca da Raposa II. A troca de experiências e de conhecimento se iniciou há cerca de duas semanas e tem sido de grande valia para ambas as partes.

Confira alguns trechos da entrevista que o volante da seleção brasileira, que tem em Zé Carlos seu maior ídolo concedeu ao site estrelado.

MANGUEIRAS BRASIL

Cruzeiro histórico e idolatria a Zé Carlos

Eu era jogador na categoria dente de leite em Lourdes (no Atlético). E o Cruzeiro treinava no Barro Preto. Cansei de ir ao Barro Preto depois dos meus treinos para assistir aos treinos do Cruzeiro. Os primeiros jogos que assisti foram do Cruzeiro. Em clássicos, eu não tinha definição para quem ia torcer, era criança ainda. Torcia para o Ferroviário do Horto, que é onde nasci e fui criado. Tive oportunidade de pegar aquele grande time do Cruzeiro com Natal, Tostão, Dirceu Lopes, Evaldo, Hilton Oliveira, Piazza, Zé Carlos, Vanderlei, Pedro Paulo, Procópio. Era um grande time e, como menino, eu gostava de um grande futebol. Não tínhamos dinheiro para ir ao Mineirão, mas no meu bairro um cara era cruzeirense e ele tinha um caminhão. A gente ia com ele para o Mineirão ver jogos do Cruzeiro. Um grande ídolo meu era o Zé Carlos, sempre o admirei. Mas, nunca tive o estilo e o futebol dele. Eu não tinha elegância como ele, eu era todo desengonçado. Sempre admirei o Zé Carlos. Nunca tive essa rivalidade, a não ser em campo. Quando a bola rolava, cada um brigava pelas suas cores.

Passagem pelo Cruzeiro

Quando cheguei ao Cruzeiro (em 1994), até por ter minha história ligada ao Atlético, eu sentia os jogadores um pouco ressabiados comigo. Mas, por onde passei, só queria jogar futebol. Com o tempo, o pessoal viu que eu era um dos primeiros a entrar em campo e um dos últimos a sair. Fiz excelentes amizades com os jogadores aqui. Foi muito bom. Fui muito profissional e sempre procurei fazer o meu melhor pelo Cruzeiro.

Estrutura do clube

Você chega aqui na Toca de manhã e sai a hora que quiser. E, se quiser, pode até dormir aqui. Se tem tudo do bom e do melhor. Além desse conforto todo que o Clube proporciona à comissão e aos jogadores, tem toda a estrutura de campo. Antigamente, os clubes tinham um campo para treinar. Hoje em dia são quatro, cinco, seis campos. O Cruzeiro tem as Tocas I e II. Tem tudo do melhor para oferecer aos jogadores. Além disso, os atletas hoje são muito profissionais e têm outra mentalidade.

Mano Menezes

Agradeço ao Cruzeiro pela oportunidade e especialmente ao Mano, que já acompanho há alguns anos. Gosto muito da compactação dos times dele nos jogos; ele faz um grande trabalho aqui. O Mano, sua comissão e todos no Cruzeiro me receberam muito bem. No futebol a gente sempre aprende alguma coisa.  Eu achava que o Mano era uma pessoa mais fechada. Muito pelo contrário, ele é um doce de pessoa. Eu sempre imaginava que ele tinha algo de especial. Além do que ele sabe de futebol, o tratar dele com as pessoas é fantástico.

Clássico Cruzeiro x Atlético

Rivalidade tem que ser sadia. Acho um absurdo termos clássicos com torcida única. Uma prova de incapacidade nossa enorme. Porque o lindo do clássico é o público, as torcidas. Tive a felicidade de participar em jogos com 90, 100 mil pessoas, defendo os dois lados. Acho que isso é uma grande derrota para todos nós.

Carreira como treinador

Trabalhei 15 anos fora do país. Só no Japão foram oito anos e meio. Na Arábia foram quatro anos. Aqui trabalhei no Vitória, bem no começo, e no Guarani. Em certo sentido, trabalhei pouco no Brasil. O futebol mudou em relação a preparo físico, há um maior número de competições, é preciso ter um bom plantel. É preciso acompanhar essa evolução. Em campo, está mais compactado, tem menos espaço para jogar. Por ter que trabalhar muito a parte física, se deixa de lado a parte técnica. Como não se tem tempo de treinar, acredito que tecnicamente o futebol caiu um pouco. Mas, essa é a nossa realidade e temos que estar preparados para ela. Estive recentemente na Sampdoria, na Itália, e vi que o Montella [técnico] tem nove pessoas que trabalham com ele. Eu, fora do país, trabalhei apenas com um preparador físico e ganhei por onde passei.

Time do Cruzeiro  em 2017

É um time jovem, de qualidade. Dedé e Fábio estão voltando agora e o Cruzeiro precisa desse plantel para enfrentar o Campeonato Brasileiro. Além da qualidade dos jogadores, vejo que o Cruzeiro está em boas mãos. O Mano é uma pessoa muito capaz e as pessoas que trabalham com ele também. São profissionais de grande capacidade. Além disso, o Clube tem um grande centro de treinamentos, com tudo à disposição para o Mano trabalhar. As duas coisas se casam e o Cruzeiro tem tudo para fazer um bom trabalho esse ano.

(Com informação do site oficial do Cruzeiro)

Related posts

Fernando Diniz é o novo técnico do Cruzeiro

Cruzeiro anuncia demissão do técnico Fernando Seabra

Jogo do Guarani tem promoção de ingressos