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Especial 1º de Junho: Personagem pouco lembrado ajudou a fundar Divinópolis

by Portalagora

 

 

Flávio Flora 

Quem se aproxima da história de Divinópolis, no período de criação do município (1911 e 1912), vai encontrar uma pessoa singular e decisiva atuando na emancipação: o dentista, farmacêutico, jornalista, professor e (mais tarde) capitão da Guarda Nacional, Francisco Ribeiro de Carvalho (1884-1956), aqui apelidado de Chico Diabo ou Chico Ribeiro. 

Nasceu em Lavras (Ponte Alta), cresceu no Caraça, morava em Belo Horizonte, mas não saía de Ouro Preto, onde se tornou amigo do recém-formado farmacêutico Pedro X Gontijo, ambos anarquistas cristãos “impenitentes”. 

— Tinha ele, como eu, o amor nietzschiano pela vida, o hábito da luta interna, da luta consigo mesmo, luta constante, sem tréguas e sem quartel, lutas que constituem a razão de ser da vida que é sempre bela — descreveu X Gontijo, líder do movimento local. 

Xis conta que, no início, mesmo com o engajamento do padre Matias Lobato, a campanha contra a emancipação cresceu muito. O comentário geral era de que os dois eram doidos por almejarem tal façanha. O juiz de paz Antonio Olympio de Moraes e o coronel Francisco Machado Gontijo ainda estavam indecisos. Apesar de encorajarem o movimento, não ingressavam na comissão. 

— Nessa situação, lembrei-me do Ribeiro. Escrevi-lhe um cartão, dizendo que estávamos criando um município, mas que o povo nos chamava de doidos e que eu precisava aqui de um mais doido do que eu, ele, por exemplo — lembra X, destacando que ele não se fez esperar, desembarcando aqui em maio de 1911, “junto com a resposta”. Vinha de malas de Rio Branco, onde residia recém-casado com a bela jovem Cristina Ribeiro de Carvalho. 

Personalidade cativante 

Com sua presença e entusiasmo, ia para a porta da Matriz, soltava foguetes para reunir o povo, fazia discursos argumentando em defesa da emancipação e depois visitava cada casa do pequeno arraial. Era o advogado da comissão. 

Contam os irmãos Antonio e Francisco Gontijo de Azevedo, memorialistas locais, que naquela época a ferrovia estava em construção e oferecia desníveis com alto risco de descarrilamento. Só havia os “lastros” carregando dormentes e equipamentos; mas, lá ia Chico Ribeiro, com seu guarda-chuva e seu guarda-pó furado por faíscas e cinzas, a caminho da capital. 

— No entanto, nosso herói, Chico Ribeiro, depois de munir-se com um abaixo-assinado, tomou um dos lastros e, assentado em cima dos dormentes, abriu seu grande e inseparável guarda-chuva, despediu-se de seus companheiros na estação e seguiu rumo à nova capital do Estado, sem ter a certeza de que lá chegaria. “Lá vai o nosso representante diplomático, em cima dos dormentes, nos representar junto ao governo”, dizia alguém — contam os historiadores. 

No requerimento que acompanhava o abaixo-assinado entregue ao deputado Leopoldo Correa, na Assembleia Legislativa de Minas, em 1911, Ribeiro assim se identificava: “Francisco Ribeiro de Carvalho, cidadão do Universo”. 

— Ribeiro foi o Benjamim Constant de Divinópolis, foi ele quem deu calor, alma, entusiasmo, vida, ao movimento de emancipação — reconheceu X Gontijo, em sua obra de história de Divinópolis. 

Missão dada, missão cumprida 

Depois de emancipado e instalado o município – e de realizado o trabalho burocrático, que incluía toda a documentação jurídica do município –, Chico Diabo e sua esposa deixaram a Vila e nunca mais voltaram para ficar e “nem notícias davam”, mesmo com a insistência de X Gontijo e Antonio Olympio em homenageá-los, quando Divinópolis se tornou cidade em 1915.  

— Quem cumpre seu dever não merece elogios — respondeu aos dois na estação, na ocasião, a caminho da capital. 

Passou muitas vezes pela estação de Divinópolis, em idas e vindas entre a capital e Lavras, mas nunca parou mais que o tempo suficiente para mudar de composição. Entre as missões que marcaram sua vida, destacam-se a criação do município Divinópolis, em 1911, e a fundação da Cruz Vermelha em Minas Gerais, em outubro de 1914. 

Na biografia do doutor Chiquinho, feito pela Cruz Vermelha Brasileira, constam vários feitos ainda pouco conhecidos até mesmo dos lavrenses modernos. Em Divinópolis, o prefeito X Gontijo (anos 1930) dedicou-lhe homenagem velada em placa do coreto da praça: “Ao Benjamin Constant de Divinópolis”. Nos anos 1960, a praça foi destruída e teve o nome alterado para Praça Pedro X Gontijo, em cuja área sucederam-se a primeira rodoviária, depois o Pronto-Socorro Regional e, na atualidade, o Samu Oeste. 

 

 

 

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