Especial 1º de Junho: Religiosidade é marca do divinopolitano

 

 

José Carlos de Oliveira 

Desde sua fundação, com o nome de “Arraial do Espírito Santo da Itapecerica”, pelo sertanista Manoel Fernandes Teixeira, em março de 1770, e depois denominado “Arraial do Divino Espírito Santo”, em 1882, a cidade de Divinópolis sempre teve a religiosidade como uma de suas principais características. Com uma população predominantemente católica, as marcas desta época são sentidas até os dias de hoje. 

Se tudo começou com uma capela modesta, erguida pelo sertanista no local onde hoje é a Catedral do Divino Espírito Santo, normal seria que a cidade crescesse em torno desta predominância católica.  

Com suas igrejas imponentes como a própria Catedral, o Santuário de Santo Antônio e, mais recentemente, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, erguido no bairro Bom Pastor, já a partir do início deste século, as marcas desta religiosidade da população e devoção da população pelos seus santos se faz sentir em todas as regiões do município. Mas é nas comunidades rurais, com suas tradicionais festas religiosas, que ela é ainda mais forte.  

Até mesmo na educação das crianças e dos jovens, a força da Igreja Católica deixou e deixa suas marcas. Algumas das principais escolas da cidade tiveram origem diretamente ligada à igreja e até hoje mantêm a tradição. Escolas como a Padre Matias Lobato, Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração e o Colégio São José/São Geraldo estão aí até hoje para comprovar esse fato e a força de uma época. 

No entanto, com sua população hospitaleira, Divinópolis sempre esteve aberta a todas as religiões. De modo tímido, nos primeiros anos, mas hoje uma realidade que não admite volta. Na Cidade do Divino, tem espaço para todos. 

Evangélicos avançam 

Um detalhe mostra como tudo foi se transformando através dos anos. Ainda no século XVI, a Igreja Católica, durante a inquisição, criou uma lista de livros proibidos aos católicos, o Index Librorum Proibitorum, e entre estes livros estava justamente a Bíblia Sagrada. 

Isso tornava os evangélicos como que um povo meio “fora da lei”. E por isso muitos tinham medo de confessar sua fé. Mesmo assim, eles chegaram ao município e fincaram suas raízes. Hoje, perderam o medo e a vergonha e só fazem crescer em número e fé. Agora, eles fazem questão de demonstrar quem são e a que vieram. 

A história dos evangélicos em Divinópolis começou a ser escrita ainda no século XIX, com um grupo de 31 evangélicos, que se reuniam de forma tímida debaixo de uma árvore nas proximidades de onde hoje está construído o edifício Costa Rangel. Com o passar dos anos, a Igreja Evangélica – os protestantes como diziam os mais antigos –, cresceu e hoje marca presença em todos os cantos da cidade. 

Da primeira Igreja Batista, criada pelos trabalhadores da Estrada de Ferro Oeste de Minas (Efom), que se mudaram para Divinópolis seguindo o crescimento do transporte ferroviário, a Igreja Evangélica cresceu de forma acentuada e hoje corresponde a mais de 20% de toda a população do município. Em cada bairro, há sempre mais de uma denominação evangélica, com seus pastores e irmãos a pregar a palavra de Deus e falar do amor de Cristo. 

Focado no social 

 A união entre povo e religião pode ser explicada pelo apoio que as instituições religiosas oferecem em momentos de dificuldade, aflição e dor. Padres e pastores surgem como portos seguros de muitas famílias carentes. 

Para citar apenas um exemplo desse trabalho social, pode-se citar o Ministério Quero – a Igreja Batista da Fé –, que, desde 2015, está literalmente acampada na Praça Candidés, nas proximidades do pontilhão de ferro que liga o centro da cidade ao bairro Niterói.  

Comandados pelo pastor Wilson Botelho, os irmãos do Projeto Quero Viver (núcleo para dependentes químicos de álcool e outras drogas) passam as 24 horas do dia na praça. A proposta é resgatar vidas na região antes ocupada por prostitutas e viciados em álcool e crack. 

Em cerca de três anos, os cristãos já tiraram do carrapateiro mais de 400 dependentes químicos, internando alguns em clínicas e ajudando outros a retornarem a seus lares e reconquistarem seus familiares.  

Hoje mesmo, mais de duas dezenas deles (antigos frequentadores do carrapateiro) se encontram nos dois núcleos do Projeto Quero Viver. 

 

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