Jorge Guimarães
Pechinchar sempre fez parte da artimanha do consumidor brasileiro, pois com o dinheiro na mão sempre há negociação de um produto ou serviço e que ele saia mais barato. Depois que presidente Michel Temer sancionou a lei que regulamenta a opção de descontos em compras à vista em dinheiro, legalizou um hábito já costumeiro no comércio brasileiro: dar desconto aos clientes para o pagamento à vista já era adotada por muitos empresários da cidade.
Isso porque a estratégia é benéfica tanto para o cliente quanto o lojista. Sendo que pelo lado do empresariado o valor dado de desconto seria o mesmo pago em taxas, caso o pagamento fosse com cartão de crédito. E pelo lado do cliente, quanto mais descontos obtiver, melhor para seu bolso. Ainda mais em tempos de crise.
Diante do cenário econômico de vendas mais fracas, dar desconto nas vendas é uma forma de agradar ao cliente e estimular o consumo, além de fazer caixa e girar o estoque de produtos.
— Quase todos os empresários estão lançando mão desse recurso para impulsionar as vendas e quem não está usando deveria estar — alerta o gerente de uma loja de material esportivo, Marcelo Novaes.
— Depois de me afundar em dívidas devido ao mau uso do cartão de crédito, só realizo compras à vista. Assim, evito contas futuras e ainda ganho descontos — afirma o pedreiro Gilmar Souza.
Cuidado
Mas o consumidor deve ficar atento na hora de formalizar o pagamento, já que não é uma obrigação do comerciante dar esse desconto no dinheiro. É que no caso de ele existir, o mesmo deve estar devidamente informando a diferença dos valores, conforme os meios de pagamento. Se não houver placa com a distinção dos preços, o valor anunciado na etiqueta deve ser aceito para ambas as formas de pagamento, cartão, carnê ou dinheiro. É bom ficar de olho, pois comerciantes podem aumentar os preços para a compra no cartão e não diminuir o valor em dinheiro.
— Primeiro faço uma pesquisa de preços e as condições de pagamentos, pois assim vou ter uma ideia de como proceder a compra. Quando me decido, já está tudo conversado primeiro, sem problema algum – analisa o comerciário Sérgio Silva.
Competitividade
De acordo com João Manoel Pinho de Mello, chefe da assessoria especial de reformas microeconômicas do Ministério da Fazenda, a expectativa é de que a medida tenha efeitos significativos sobre o comércio.
— Vai reduzir os preços aos consumidores que pagarem à vista, mas também aumentará a competição. O varejo é competitivo em indústrias competitivas. A transmissão para os preços é imediata — disse.
Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 77% dos brasileiros têm como prática pedir descontos.
— 75% dos empresários estão adotando esse tipo de prática — afirmou Honório Pinheiro, presidente da entidade.