A força da união

Quem acompanhou na manhã de sexta-feira, 18, a 10ª Caminhada “Todos Contra a Pedofilia”, com certeza se emocionou ao ver tanta gente apoiando a causa. E não há outra maneira de proteger as crianças deste crime horrendo, se não por meio da união, afinal, “Juntos Somos mais Fortes”. Além da união, é preciso se informar bem, para quebrar o tabu, e repassar a informação para frente. É preciso falar abertamente sobre o assunto. É preciso mostrar para o outro que é apenas por meio do diálogo que as crianças serão protegidas desse crime. Cerca de oito mil pessoas abraçaram a causa na manhã de sexta-feira. Jovens, crianças, adultos e idosos fizeram bonito ao ocupar as principais ruas do Centro de Divinópolis. 

Mas é preciso lembrar que a causa não pode ser abraçada uma vez por ano. É preciso abraçá-la todos os dias. O promotor da Vara da Infância e da Juventude, Carlos José Fortes, foi o idealizador do movimento e viaja o país inteiro alertando famílias sobre o modus operandi destes criminosos, os sinais que as crianças abusadas dão aos seus familiares, como denunciar e como acolher a criança vítima desse crime. É preciso abrir os olhos para os dados alarmantes, é preciso estar aberto para o diálogo e para encarar a situação, pois todas as crianças estão sujeitas a serem vítimas da pedofilia.  

De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, que mantém o Disque 100, em 2016 foram feitas 15.707 denúncias de crimes sexuais cometidas contra crianças. Já segundo o Sistema de Informações do Ministério Público (Sinan), em 2016, foram registrados mais de 22 mil atendimentos a vítimas de estupro no Brasil, sendo que, em mais de 13 mil deles, as vítimas tinham entre 0 e 14 anos, aproximadamente seis mil dessas vítimas tinham menos de 9 anos. Além dos números, outro dado que assusta é que o criminoso geralmente é da família, e a mãe é conivente com o crime, em alguns casos, por medo de perder o companheiro.  

A sociedade não pode se calar diante deste ato tão apavorante. A população precisa fazer bonito sempre. É preciso fazer bonito ao encorajar uma mãe a denunciar o crime, ou até mesmo denunciá-lo, quando perceber que uma criança foi abusada. Não se pode deixar sozinho quem está apenas começando a sua caminhada. Não se pode deixar nas mãos desses criminosos quem ainda sequer sabe distinguir o certo do errado. E é justamente por esse motivo que o engajamento na causa deve ser durante 365 dias. 

Ainda de acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, há uma lacuna nestes dados, pois muitos dos casos não são denunciados. Muitas vezes, além do medo, o silêncio se dá pela vergonha. 

Casé Fortes já desmistificou a premissa de que o criminoso foi vítima de pedofilia na infância. Conforme explicou o promotor, os pedófilos, na maioria dos casos, são abusadores que nunca sofreram qualquer tipo de violência. E, assim como no caso de estupro às mulheres, alegam que a culpa é das crianças. Por estes e outros motivos, é preciso conversa, união, diálogo e amor para enfrentar esse crime que faz milhares de vítimas todos os dias no Brasil. Vítimas que não merecem ser marcadas desta forma logo no início da vida. 

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