UFSJ promove palestra sobre autismos

Da Redação

Autismos é o tema da palestra que a UFSJ promove nesta quinta-feira, 15 de abril, às 15h, com a psicóloga Renata Gonçalves, moderação do professor Roberto Pires Calazans Matos, do Departamento de Psicologia (Dpsic) e transmissão pelo canal no Youtube do Pintando o Setting UFSJ.

O evento, aberto ao público, é uma realização do Programa Pintando o Setting: clínica do Autismo, em parceria com o Setor de Inclusão e Acessibilidade (Sinac). Haverá emissão de certificado para os participantes que se inscreverem neste link.

A palestrante, que é aluna do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSJ (PPGPSI), e trabalha há nove anos nessa área, fala sobre a relevância do debate dessa temática nos dias atuais.

O que a motivou a trabalhar com as questões do autismo?

Inicialmente, foi a curiosidade. Aos poucos, percebi que conseguia algum tipo de enlaçamento com essas crianças, o que possibilitava o trabalho a partir dos interesses e particularidades de cada caso.

Autismo ou autismos? Como definir?

O autismo é uma forma de estar no mundo. Ainda que seja marcado por alguns embaraços com a linguagem, com a interação social e comportamentos restritos, essas características não bastam para definir a singularidade do autismo. Dizemos “autismos” no plural justamente para nos referir a cada caso, tão diversos entre todos os outros no espectro autista. Insisto em dizer sobre a particularidade de cada caso, principalmente quando se fala de tratamento, alinhado aos interesses do autista, ou seja, àquilo que eles têm a oferecer, seja por meio do sistema solar ou por recortes de revista, casos verídicos que acompanhei.

Quais as maiores dificuldades que se impõem à pessoa autista hoje?

Acredito que ainda exista uma tentativa de normatização do autismo. É comum encontrarmos expectativas de comportamentos padrões e socialmente esperados. Em termos de escolarização, uma criança autista talvez aprenda mais a partir dos seus interesses por música ou números, do que passando quatro horas por dia sentado numa sala de aula.

Quais os maiores avanços em relação à qualidade de vida?

Destaco desde a implementação de leis, como a da Proteção dos Direitos de Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei n. 12.764/12), que visam da inclusão social e cidadania até o acesso a tratamentos gratuitos e de qualidade para autistas e seus familiares. Exemplos temos aqui: os trabalhos desenvolvidos pelo Pintando o Setting UFSJ, do qual faço parte, e pelo Conviver, em Varginha.

O que ainda leva a equívocos em relação ao autismo?

A própria questão diagnóstica tem se apresentado como tema delicado no que diz respeito ao autismo, uma vez que muitas crianças recebem o diagnóstico de modo impreciso, seja incluindo comorbidades, seja incluindo outras questões subjetivas que não se associam necessariamente ao autismo.

Que benefícios pode trazer o acompanhamento psicológico para a pessoa autista e seus familiares?

É importante ressaltar que, quanto mais cedo se inicia o tratamento de um autista, melhores e maiores são os resultados apresentados em seu desenvolvimento, na relação com outras pessoas, na fala ou no enfrentamento de mudanças ocorrentes no dia a dia. Quanto aos familiares, é interessante que ocorra um tratamento em paralelo ao dos filhos, visto que é importante que estes pais disponham de um espaço para falar não só a respeito do filho autista, mas principalmente sobre questões de outra ordem, seja relacionados ao trabalho, matrimônio, família, espaço social e assim por diante.

Abril Azul

O autismo é um transtorno de desenvolvimento que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge 1 em cada 160 crianças no mundo. No Brasil, estima-se que existam cerca de 2 milhões de autistas. O diagnóstico ocorre geralmente entre os dois anos e meio a três anos, e não existe cura para essa condição. Para dar visibilidade ao tema, foi escolhido o dia 2 de abril como Dia Mundial de Conscientização do Autismo, cujas ações se desdobram ao longo de todo o mês, dentro da campanha Abril Azul. A ideia é mostrar as características e as dificuldades do transtorno, incentivando, dessa maneira, a inclusão do autista em sociedade, bem como a criação de políticas públicas voltadas para esse grupo. Leia mais.

Related posts

Thaileon comanda virada do Guarani em Itaúna

Copa Abdala tem rodada de goleadas

Galo larga atrás nas quartas da Libertadores