Ômar Souki
“O Senhor apareceu a Salomão, em sonho, e lhe disse: ‘Peça o que você desejar e eu lhe darei’. E Salomão disse: “Senhor meu Deus, você me fez reinar em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. Além disso, estou no meio do seu povo eleito, tão numeroso que não se pode contar ou calcular. Dê a mim, seu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o seu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este seu povo tão numeroso?” (I Reis 3, 5-9).
Esse pedido, aparentemente simples, agradou a Deus. De fato, como diz o próprio Senhor, Salomão poderia ter pedido vida longa, riquezas, morte para seus inimigos. Mas não, em vez disso, optou por pedir sabedoria para praticar a justiça. O Senhor decidiu então atender ao pedido do jovem e dar-lhe “um coração sábio e inteligente”, como nunca houve outro igual antes dele nem haveria depois. Mais ainda, prometeu que lhe daria riqueza e fama, superior às dos reis daquela época, e vida longa (I Reis 3, 13-14).
Estamos acostumados a pedir muitas coisas a Deus, mas com frequência nos esquecemos do mais importante: um coração compreensivo. Será ele que facilitará a nossa navegação neste mundo e entrada no próximo com êxito. “Curiosamente, o jovem rei desdenhou uma infinidade de coisas desejáveis, contentando-se em pedir somente um coração compreensivo. A palavra compreensivo, em hebraico, é shama, que significa ouvir, escutar, obedecer. […] Salomão entrou no seu reino terreno exatamente do jeito que o Novo Testamento nos ensina a entrar no reino de Deus, como uma ‘criancinha’. É muito difícil não perceber a ligação entre um coração que ouve e a dependência de criança necessária para se entrar no reino de Deus (Mateus 18, 1-4).
“A conversão em criança que Jesus exige dos seus discípulos é uma mudança radical por meio da qual alguém deixa de apoiar-se em sua própria astúcia e sabedoria e passa a ter a dependência, a confiança e a consciência da presença do Pai de um coração que ouve” (Eric Mumford, revistaimpacto.com.br). Jesus reforça a necessidade de adotarmos uma atitude de humildade, quando diz: “Eu lhe louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque você escondeu essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do seu agrado” (Mateus 11, 25-26).
Em vez de se empolgar com a investidura real, o jovem soberano fez justamente o contrário, humildemente abaixou a cabeça e pediu ao Soberano do Universo que lhe desse um coração predisposto a escutar tanto ao Senhor quanto aos seus súditos. Seu nome passou a ser sinônimo de sabedoria e prosperidade. Esse ensinamento irá abençoar as nossas vidas, nos tornando cada dia mais flexíveis e mais dependentes da luz que vem do Alto. “Quem se abaixa e se torna como esta criança, esse é o maior no Reino do Céu” (Mateus 18, 4).
