Da Redação
O desgaste entre Executivo e Legislativo ganhou, na última quinta-feira, 17, mais um capítulo. Dessa vez, mais um entre o prefeito Gleidson Azevedo (Novo) e seu ex-líder de governo, Edsom Sousa (Cidadania). Durante a reunião ordinária também da quinta, o vereador pediu licença para deixar o Plenário, pois havia sido intimado a comparecer na Polícia Civil (PC) para prestar esclarecimentos a uma denúncia protocolada pelo chefe do Executivo. Em resposta, Edsom promete processá-lo.
Caso
Gleisdon disse em entrevista ao Agora que não denunciou o vereador, mas um portal de notícias que cita o vereador como parte da fonte. A alegação é de que um perfil do WhatsApp, presente em vários grupos de política da cidade, usa os espaços virtuais para a promoção pessoal do prefeito e seus irmãos, além de criticar e até mesmo bloquear os críticos.
Câmara
Ao se dirigir à Polícia Civil para prestar os devidos esclarecimentos, Edsom ainda não tinha conhecimento sobre o teor da denúncia.
— Quem não deve não teme. (…) A partir de agora, você pode juntar governador, senador, vereador que o senhor está mexendo com a pessoa errada. E vou falar no momento certo porque eu entreguei a liderança do governo. Eu não sou refém do senhor, prefeito. (…) o senhor vai conhecer quem é o vereador Edsom Sousa a partir de agora. Pode juntar seus irmãos deputado e senador, porque o senhor passou do limite.
Ao fim de seu discurso, Edsom se disse surpreso com a intimação.
— Nunca tive isso na minha vida. Confesso que nunca passei por isso, mas sempre acreditei que quem deve não teme. O senhor não é o rei da moralidade. (…) A verdade sempre vence — concluiu.
Gleidson
Poucas horas após o pronunciamento de Edsom, Gleidson alegou na entrevista ao Agora não ter nenhuma inimizade contra o vereador. De acordo com o chefe do Executivo, ele apresentou a denúncia contra o blog e, “como não soube esclarecer”, o parlamentar foi convocado a prestar esclarecimentos por ter sido citado na matéria.
— É só uma questão de esclarecimento, simples. Não é nada contra a pessoa Edsom, é porque ele estava na matéria. É só para ele esclarecer e eu poder me defender — justificou.
Gleidson argumentou que precisa se defender das acusações.
— Toda hora é notícia do Gleidson. Eu tenho que começar a me defender também porque uma mentira toda hora falada para a população se torna verdade.
E reafirmou estar sempre aberto ao diálogo com sua ex-liderança no Legislativo.
— Não tem nada disso, Edsom, não tenho nada contra o senhor. Você sabe o tanto que eu respeito o senhor. Foi líder de governo nosso por dois anos e meio. Agora, eu não sei como ele se coloca, se é base ou oposição, mas aquilo que for bom para Divinópolis pode ir lá na Prefeitura para gente melhorar a cidade.
Processo
À reportagem, Edsom contou que, em julho, uma senhora enviou um áudio em um grupo de política o acusando de ser corrupto e roubar dinheiro público. Em resposta, o vereador enviou uma mensagem se defendendo da acusação, alegando que a mesma estava imputando a ele crimes que jamais cometeu, podendo ser responsabilidade por calúnia, injúria e difamação.
— A administradora do grupo que nunca vi não sei nem o nome (…) apagou minha resposta e falou que questões pessoais deveriam ser resolvidas em outro grupo e me excluiu do grupo. (…) ela deu um aval moral à denúncia covarde, mentirosa e injusta, prejudicando meu nome público.
Diante da situação, ele registrou uma denúncia na Polícia Civil (PC) para preparar uma ação. O tema, segundo relatou Edsom, foi abordado na última terça-feira, 15, em reunião com o prefeito, com o qual passou aproximadamente duas horas.
— O prefeito está preocupado com esse procedimento contra a administradora do grupo — disse Edsom.
O ex-líder do governo contou que o prefeito o pediu para perdoá-la, por ser uma pessoa honesta e boa.
— Imagina se não fosse — ironizou.
Intimado, Edsom prestou depoimento ainda na quinta-feira.
— O prefeito perdendo seu tempo para denunciar um vereador que foi acusado de roubar dinheiro? Ele me chamou para conversar lá de forma covarde e me deu machadada pelas costas, pois já tinha feito a denúncia — lamentou.
Em resposta, o membro do Cidadania anunciou que vai processar a responsável pelo áudio o acusando de ser corrupto, a administradora do grupo e o prefeito.
— Vou processar o prefeito, a administradora do grupo e essa mulher que gravou áudio me acusando de roubar dinheiro público. (…) O que essa administradora de grupo sabe que a Câmara morre de medo dela? O que ela sabe do prefeito para ele tomar uma ação dessas? Por que a Câmara está calada? O que essa moça sabe? — questiona.
Para o vereador, “a cidade perdeu o rumo moral”. Em sua avaliação, a ação é uma tentativa de retaliação do prefeito, de “forma leviana e covarde”, por ter deixado a liderança do governo.
— Essa conduta do prefeito tem que ser estudada: ou é problema de saúde ou de caráter.
