Áudios vazam e prefeito vê manobra de desespero: “o cerco está se fechando”

 Matheus Augusto

Enquanto a investigação de possível corrupção na Câmara de Divinópolis segue em andamento, os holofotes da vez recaem sobre o autor da denúncia, o prefeito Gleidson Azevedo (Novo). Áudios vazados atribuídos ao chefe do Executivo apresentam conversas dele com um empresário. 

O chefe do Executivo esteve ontem na sede do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), onde apresentou seu extrato bancário e solicitou a quebra do seu sigilo financeiro e telefônico. 

— Tinha áudio editado, fora de contexto. Uma covardia o que estão querendo fazer comigo. E, mesmo assim, não tem nenhuma má conduta. É má conduta está disponível 24h para a população, como eu sempre faço, respondendo o povo, os empresário? Má conduta é pedir o empresário para adotar um calçamento, um canteiro? — questionou.

Gleidson reforçou ser o autor da denúncia. 

— Não sou eu quem está sendo investigado, não. Foi eu quem fiz a denúncia, agora estão tentando distorcer os fatos.

Novamente, ele se colocou à disposição das autoridades.

— Quem não deve não teme. Eu confio na Justiça — concluiu.

Defesa

Ao Agora, Gleidson classificou a situação como “covarde e injusta”.

— Estou super tranquilo. Qualquer pessoa inteligente que ouviu os áudios vão perceber que foi totalmente editado e fora de contexto. Não tem mal conduta nenhuma. (…) Estão tentando distorcer os fatos — afirma.

O prefeito reforçou, ainda, estar aberto a prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades.

Além disso, a assessoria de gabinete do prefeito respondeu que os áudios integram a investigação, ainda em curso. 

— Esses áudios são parte de uma investigação sigilosa sobre vereadores que estariam recebendo propina para aprovação de projetos na Câmara de Divinópolis. Em momento algum o prefeito Gleidson foi investigado. Quem vazou esses áudios, provavelmente, será responsabilizado pelo Gaeco  — disse.

A divulgação dos áudios, conforme a assessoria,  expõe o temor de possíveis responsabilizados na investigação.

— A gente imagina que o motivo de ter pegado esses áudios trata-se de desespero de quem está vendo que o cerco está se fechando, já que a investigação está chegando ao final e providências serão tomadas. 

A assessoria de gabinete também ressalta que em nenhum dos áudios o prefeito pede qualquer vantagem pessoal. 

— E, quem pode escutar os áudios até o final, vê que o prefeito pede ajuda, colaboração para fazer coisas para a cidade e não propina, como algumas pessoas estão sendo investigadas. Eles falam em corrupção quando o prefeito pede calçamento para a cidade, enquanto as pessoas estão sendo investigadas por pedir propina para o bolso para aprovar projetos para se beneficiar.

Ao fim, a assessoria também reforça ser prática comum do prefeito solicitar o apoio dos empresários para viabilizar melhorias para a cidade. 

— Não é novidade para ninguém que o prefeito sempre pediu para os empresários colaborarem. O programa “Adote um Bem Público” estava completamente esquecido, parado, e, nessa gestão, aproximadamente 200 empresários toparam ajudar a cidade com várias melhorias: estrutura, reforma de praça, posto de saúde — concluiu.

Áudios

Os áudios começaram a circular nas redes sociais e logo repercutiram até mesmo na imprensa estadual. Em um deles, o prefeito afirma estar ao lado do vereador Rodrigo Kaboja (PSD), hoje afastado do cargo em razão da investigação. 

— Estou com o Kaboja aqui, você não atende nenhum de nós dois. Nós é parceiro. Vocês não começaram a tirar a terra? Você falou que ia começar a tirar. Já falei que pode tirar. Não vai ter multa, não vai ter nada, não vai ter fiscal para encher o saco, não — afirma.

Em outra mensagem, o prefeito questiona se o empresário já protocolou um projeto. 

— São 24 horas, a hora que que você precisar é na hora, pode ter certeza disso. Vai me falando tudo que você precisa que eu vou acelerando aqui — afirma. 

No último áudio, o prefeito dirige novos questionamentos.

— Vocês me largou mesmo. Garrado aqui para agilizar essa questão do projeto para vocês fazerem 600 andares e vocês não me ajudam. Já pode ir nas ruas lá para calçar? E o negócio dos canteiros da Goiás, vai dar certo? Vocês têm que me ajudar — diz. 

Zoneamento

A operação “Gola Alva” tornou-se pública no dia 25 de maio, quando cumpriu seis mandados de busca e apreensão. Os alvos foram dois vereadores, três empresários e uma servidora. A decisão judicial também determinou o afastamento de Kaboja do cargo, bem como do vereador Eduardo Print Jr (PSDB) da presidência do Legislativo. Ambos negam as acusações. 

De acordo com o MPMG, a investigação já durava, à época, seis meses, e identificou indícios de pagamento para a aprovação de projetos de lei para alteração de zoneamentos.

A denúncia foi apresentada pelo próprio prefeito. 

 

 

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