Editorial: Bela viola 

“Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”. O ditado popular é claro: as aparências enganam – e como enganam. A expressão pode ser usada para definir parte do Legislativo divinopolitano, pois “nem tudo que reluz é ouro”. Diante o atual cenário social político, não importa o âmbito, maquiagens são feitas por todos os lados, basta criar a sensação de que algo está sendo feito. E pronto, a população se contenta. A confirmação disso são projetos de lei que, por fora, são belas violas, mas por dentro são pães bolorentos. 

Essas propostas são aquelas aprovadas com discursos dignos de Oscar e, após sancionados, não servem para nada. Permanecem imóveis, bonitas apenas no papel, nos vídeos e pronunciamentos. Dentre os exemplos, o projeto de lei que proíbe a soltura de fogos com alto estampido em Divinópolis. No discurso, a proposta, apesar de polêmica, tem seu valor de zelo às pessoas e aos animais, especialmente aqueles com hipersensibilidade auditiva. Sancionado no dia 25 de março, o projeto virou lei e prevê multas em níveis de leve, média, grave e gravíssima. 

Bastou Atlético e Cruzeiro entrarem em campo no último sábado, 30, para que viesse a prova de que essa é apenas mais uma lei em Divinópolis que pode, na realidade, ter pouco efeito prático. Por aqui, as iniciativas, mesmo as boas, são lindas, perfeitas e funcionam apenas nas redes sociais. No mundo real não é bem assim. Sem qualquer tipo de fiscalização, não faltaram fogos para comemorar os gols dos times mineiros pelo primeiro jogo da final do Mineiro. E, mais uma vez, os divinopolitanos teve que engolir “goela abaixo” a realidade. 

É preciso que os projetos sejam não apenas bem fundamentados, mas viáveis. Polo regional, Divinópolis não pode viver de aparências, acumulando papéis engavetados, sem impacto real na vida em sociedade. A essa lei se juntam tantas outras que, no fim das contas, tem pouca ou nenhuma eficácia. E, por vezes, acabam sendo reduzidas a palanque político, tanto para base quanto para oposição. 

Até quando a população vai tolerar esse tipo de comportamento? Até quando o povo se manterá inerte em relação a projetos de lei que não se transformam em mudanças concretas? Com a aproximação das eleições é mais do que necessário que os divinopolitanos reflitam sobre situações como essas. Afinal, os parlamentares são pagos para trabalhar em prol do povo.

Divinópolis precisa e merece mais para não seguir no “fantástico mundo de Bobby”, onde tudo é perfeito.

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