E você é reconhecido pelo seu direito ou pela justiça?

Deus é Deus de processo completo. Todo processo precisa ser bem iniciado para terminar bem. Tanto um engenheiro, um arquiteto, quanto um advogado, juiz, precisam respeitar o processo. Esse é o princípio da construção bem-sucedida. 

O desafio da vida não é corrigir o que estava errado, mas sim estabelecer novos e bons fundamentos. Começar bem novos projetos, com novo entendimento, construindo de fato e maneira sólida, estável nossa vida, dando referência aquelas coisas que não estavam bem estabelecidas. 

Cristo não é nosso SALVADOR porque Ele veio compensar o que estava errado, Ele veio nos incluir no real significado da vida em plena revelação. Em Cristo temos a possibilidade de conhecer o processo, pois a salvação é pedagógica e não circunstancial. Jesus veio significar a vida, permitindo que nós não nos tornemos reféns do que deu errado e sim compreender em estado pleno, nos tornando participantes do NOVO que a partir Dele é gerado. 

A amargura faz a pessoa caminhar sentido oposto da vida. A vida se torna pesada quando as pessoas acreditam que investiram em algo que deu errado. Sabe quando as pessoas acreditam demais em Deus, acham que investiram muito em algo, e ficaram desapontadas? Para essas pessoas a vida se tornou pesada. Elas se abateram, achando que deram errado, o que na verdade não se trata disso, e sim do suposto certo em que eles projetaram. Todos temos um suposto certo.

Todos podemos começar algo dizendo que será bom, independentemente de ser fácil ou difícil. Deus quer que estejamos libertos da forma melancólica no qual lidamos com o passado. A matemática da vida faz com que todos pressupomos ter controle das coisas, e Deus insiste em sussurrar: ‘vocês não me surpreendem, mas eu os surpreendo’. 

A Bíblia relata diversas vezes que alguns homens estavam cegos, e só passaram a enxergar quando Jesus sentou à mesa com eles. A amargura foi resolvida com a comunhão. A vida é partilha. O nosso esforço não deve ser para auferir o direito que nos pertence, mas para nos tornar a pessoa que precisamos ser. 

Não há felicidade e plenitude de vida se não houver partilha. Deus não é reconhecido no direito e sim na justiça. As pessoas querem ser recompensadas pelos esforços das obrigações em que elas contraíram para si mesmas, delegando ao outro as responsabilidades que são suas. Aqueles que se negam permanecer na melancolia do passado, se tornam testemunhas da esperança. Elas não são representantes da lembrança, não evocam seus direitos, mas exercem a justiça. Pessoas amarguradas no presente, são as mesmas presas no passado, vêem vida pelo viés do receber, são temerosas com o futuro. A Bíblia nos exorta a não temer, aprendemos que o pão antes de ser comido, ele é repartido na mesa. A melancolia pode ser iluminada pelo viés da esperança e dos novos feitos. É um convite ao perdão a si e ao próximo. Podemos ser representantes da esperança, mas realizadores no presente. Termino esse texto afirmando que não precisamos mudar a história e sim entender a mensagem que ela carrega, pois quem não entende caminhará restrito à miséria da sobrevivência, sem perceber e sentir o compasso dos passos que ilumina nosso caminho, nos convidando a entrar no ritmo da boa e perfeita vontade do Eterno para cada um de nós.

 Por Flavia Moreira. Advogada, pós-graduada em Direito Público, Direito Processual Civil, pelo IDDE em parceria com Universidade Coimbra de Portugal, ‘IUS GENTIUM CONIMBRIGAE, especialista em Direito de Família e Sucessões, associada ao IBDFAM e membro do Direito de Família da OAB/MG.

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