Secretário do PT condenado por rombo milionário não trabalhou em Divinópolis

Bruno Bueno

O secretário de finanças do PT-MG, Alfredo Ramos, condenado por um rombo milionário  no Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Montes Claros (Prevmoc), não participou das atividades do partido em Divinópolis.

A informação foi confirmada ontem pelo presidente da sigla na cidade, Manoel Cordeiro. 

Lavagem

A suspeita aconteceu em 2008 quando Alfredo era presidente da entidade. Emerson Vieira, Milton Soares, José Ubiratan e Valdir Massari também foram denunciados pelo Ministério Público.

O secretário teria agido em conjunto com a falida empresa Atrium DTVM S/Al para adquirir títulos da dívida pública federal com recursos públicos do instituto. O MP concluiu que o valor pago pelos títulos foi superfaturado, ou seja, muito maior que o valor de mercado dos papéis. Os valores chegam a R$ 6,7 milhões.

Os crimes

De acordo com o texto, em dez ocasiões diferentes entre junho e novembro de 2008, os acusados autorizaram e executaram operações financeiras ou colaboraram com negociações que levaram ao desvio de recursos. O valor, segundo o MP, foi destinado aos acusados.

Valdir era sócio-presidente da Atrium e teria oferecido vantagens financeiras. Alfredo teria solicitado e recebido propinas para garantir contratos ilegais com recursos do Prevmoc. 

— A diferença entre o preço real dos títulos e o que realmente foi pago foi dividida entre algumas pessoas, inclusive com os denunciados Valdir e Alfredo, tendo este utilizado de contas bancárias próprias e de terceiros para receber sua parte em dinheiro da ‘propina’ e com ela financiar ilegalmente sua campanha para vereador nas eleições municipais de 2008 — consta o documento. 

Condenação

A juíza da 1ª Vara Criminal da Comarca de Montes Claros, Clarissa Pedras Gonçalves de Andrade, condenou Alfredo a 11 anos e 4 meses de reclusão, além de 60 dias-multa, no valor de 1 salário-mínimo cada dia-multa.

Ele foi enquadrado nos crimes de peculato (9 vezes) e lavagem de dinheiro. Ele recorre da sentença em liberdade.

— Assim, com o trânsito em julgado para a acusação e permanecendo a sentença tal como aqui lançada, renove-se a conclusão para extinção da punibilidade quanto ao crime de lavagem de valores — consta.

Trajetória

Alfredo foi eleito vereador de Montes Claros por dois mandatos (2008-2012). Em 2014, foi cassado por abuso de poder econômico ao utilizar um jornal sindical para promover sua campanha.

O site do PT de Minas aponta Alfredo como integrante da secretaria de finanças da sigla. 

— Alfredo Ramos é advogado com especialização em direito do Trabalho e direito sindical. Eleito vereador pelo PT em Montes Claros exerceu o cargo por dois mandatos. Foi vice-presidente e secretário-geral e hoje ocupa a secretaria de Finanças do PT-MG — consta.

Presidente

O presidente do partido em Minas, Cristiano Silveira, comentou o caso.

— Quanto à situação envolvendo o atual secretário de Finanças, Alfredo Ramos, não há qualquer questionamento sobre sua atuação no cargo que ocupa na direção do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais — esclarece.

O deputado estadual pelo PT disse que a sigla só vai tomar uma providência depois da conclusão do processo.

— A direção desta instituição acredita no devido processo legal, na presunção de inocência até que se prove o contrário e no amplo direito à defesa. Portanto, manifestar-se-á somente após o trânsito em julgado do processo do qual ele é parte — pontua.

A secretária nacional de Finanças e Planejamento do PT, Gleide Andrade, não respondeu aos questionamentos da reportagem, até o fechamento desta reportagem, por volta de 17h30.

Foto: Divulgação

Legenda: Alfredo Ramos foi condenado pela Justiça 

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