Energia elétrica fica  6,70% mais cara 

Jorge Guimarães

A semana começou com uma notícia ruim para  os consumidores mineiros. A energia elétrica terá reajuste, a partir do próximo mês. Aumentos estes que não somente para os consumidores residenciais, mas também no comércio, empresa e indústrias. O que alivia um pouco é o fato de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) manter a bandeira verde desde abril de 2022, com grandes possibilidades de continuar nos próximos meses.

Consumidores residenciais 

O aumento na tarifa da Cemig representa um desafio significativo para os consumidores residenciais, pois implica em ajustes nos orçamentos familiares e demanda uma revisão cuidadosa dos gastos.

Na visão do economista Leandro Maia, um dos principais desafios enfrentados pelos consumidores residenciais é encontrar formas de lidar com o aumento das contas de energia sem comprometer o equilíbrio financeiro do lar. —  Isso pode envolver a reorganização das despesas domésticas, identificando áreas onde é possível reduzir gastos para compensar o aumento na conta de luz. Além disso, é importante considerar estratégias para o uso mais eficiente da energia, visando diminuir o consumo e, consequentemente, reduzir o impacto financeiro do aumento tarifário — avalia.

Em resumo,  conforme o profissional, o aumento na tarifa representa um desafio para as residências, que precisam encontrar maneiras de ajustar seus orçamentos familiares e adotar estratégias para o uso mais eficiente da energia elétrica. 

— Com planejamento e conscientização, é possível enfrentar esses desafios e minimizar o impacto financeiro dessa elevação nos custos de energia — pontua Leandro.

Comércio 

O aumento da tarifa da Cemig não afeta apenas os consumidores residenciais, mas também tem um impacto direto no comércio em geral.  Para o comércio, o aumento nas tarifas de energia pode representar um aumento significativo nos custos operacionais. Lojas, supermercados, restaurantes, entre outros estabelecimentos, que utilizam uma grande quantidade de equipamentos elétricos, como iluminação, sistemas de refrigeração, equipamentos de cozinha e sistemas de segurança, verão um aumento nas despesas com energia elétrica.

— Esse aumento nos custos pode impactar diretamente nos preços dos produtos e serviços oferecidos pelo comércio, pois as empresas podem ser obrigadas a repassar parte desses custos adicionais para os consumidores — alerta o economista.

De acordo com ele, o aumento pode levar as empresas a buscar maneiras de reduzir seus custos operacionais, o que pode incluir a redução de pessoal, a diminuição do horário de funcionamento ou o adiamento de investimentos em expansão e melhorias nos negócios. 

— Diante desse cenário, é importante que as empresas do comércio adotem medidas para minimizar os efeitos do aumento nas tarifas de energia. Isso pode incluir a implementação de medidas de eficiência energética, como a substituição de equipamentos por modelos mais eficientes, o uso de iluminação LED e a conscientização dos funcionários sobre o uso responsável de energia — analisa o economista.

Aumento 

O reajuste veio através da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que anunciou, em sua reunião realizada nesta terça-feira, 21, uma atualização na tarifa da Cemig Distribuição, uma das principais concessionárias de energia elétrica do país. Com aproximadamente 7,8 milhões de clientes residenciais sob sua gestão, a companhia irá implementar um reajuste de 6,70% nas contas de energia.

O ajuste tarifário, de acordo com as disposições estabelecidas no contrato de concessão, entrará em vigor a partir do dia 28 de maio, estendendo-se por um período de um ano. No entanto, só será cobrado na conta de julho.

Investimentos 

Embora represente um incremento nos custos para os consumidores, o reajuste, segundo o gerente de Tarifas da Cemig, Giordano Bruno Braz de Pinho Matos,  também é fundamental para viabilizar investimentos na expansão e modernização da infraestrutura elétrica, garantindo um fornecimento confiável de energia a todos os brasileiros. O anúncio da tarifa da companhia é sempre feito pela Aneel na reunião da terça-feira anterior ao dia do início da vigência, que é a data definida para o reajuste das tarifas da Cemig Distribuição. 

— As distribuidoras cumprem um papel que vai além de simplesmente entregar a energia. São esses agentes que sustentam o fluxo financeiro do setor, afinal, as concessionárias de distribuição fazem a ligação com os usuários de energia elétrica, arrecadando, por meio das faturas, todo o montante necessário para financiar a operação do sistema — explica.

Do valor cobrado na tarifa, apenas 25,8% ficam na Cemig Distribuição e se destinam a remunerar o investimento, cobrir a depreciação dos ativos e outros custos. Os demais 74,2% são utilizados para cobrir encargos setoriais (16,7%), tributos pagos aos Governos Federal e Estadual (20,9%), energia comprada (26,7%), encargos de transmissão (9,4%) e receitas irrecuperáveis (0,5%). Os impostos arrecadados na tarifa de energia, como taxa de iluminação pública, ICMS, PIS e Cofins são repassados integralmente para as prefeituras, além dos governos Estadual e Federal.

Reajuste abaixo da inflação 

Segundo informou a estatal, o reajuste está abaixo do acumulado da inflação dos últimos cinco anos. Enquanto o valor da tarifa da companhia foi reajustado em 27%, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (IPCA) no período foi de 32%.

Tarifa social 

Cerca de 1,4 milhão de clientes da Cemig já recebem até 65% de desconto na conta de energia por meio da Tarifa Social de Energia Elétrica, destinado às famílias cadastradas em Programas Sociais do Governo Federal. Desde dezembro de 2018, a Cemig mais que dobrou o número de beneficiados pela Tarifa Social.

Nos últimos quatro anos, a Cemig Distribuição concluiu a devolução de mais R$ 8,1 bilhões, valores atualizados, aos consumidores mineiros na conta de luz. Esses valores, conforme a gerência, foram fundamentais para a modicidade tarifária na área de concessão da companhia, uma vez que não houve aumento na tarifa em 2020 e 2021 e impactos menores do que o previsto em 2022 e 2023.

— A Cemig foi a primeira empresa a fazer a devolução dos créditos tributários aos clientes e também a companhia que mais utilizou recursos para reduzir o impacto tarifário em sua área de concessão — explica Giordano Bruno Braz de Pinho Matos.

Trata-se de um benefício oferecido pelo governo federal em parceria com as concessionárias de energia, como a Cemig, com o objetivo de garantir o acesso à energia elétrica a famílias de baixa renda e grupos vulneráveis. Esse programa visa proporcionar descontos significativos na conta de energia, aliviando o impacto dos custos para os beneficiários. 

Bandeira verde 

E para aliviar um pouco, Aneel anunciou que a bandeira tarifária permanecerá verde no mês de maio. Com condições favoráveis para a geração de energia elétrica no país, a sinalização indica que não haverá custo adicional nas contas de energia elétrica dos consumidores, para os próximos meses, cenário que se mantém há 25 meses, desde abril de 2022.

— Já vamos tomar algumas medidas preventivas como desligar alguns freezers, temos cinco no estabelecimento e conscientizar ainda mais nossos funcionários quanto a deixar luzes acesas sem necessidades. Assim com ajuda de todos temos certeza que a alta não será tão sentida para os próximos meses. Prevenir sempre é o melhor remédio — definiu o gerente de um estabelecimento alimentício, Paulo Santos. 

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