Não perdoa 

Está cada vez mais claro que a humanidade definitivamente não tem maturidade para lidar com as redes sociais. É nítido: os caminhos que a “sociedade do espetáculo” trilha não são os melhores e isso pode levar a trajetos mais tortuosos do que os atuais. De pessoas anônimas a políticos, a necessidade do engajamento, dos seguidores, das curtidas, do compartilhamento, tem se tornado o alimento da alma de muitos e trazido consequências gravíssimas para o coletivo. Julgamentos, linchamentos. O tribunal da internet não perdoa e, nesse caminho, muitos têm se perdido sobre o que é essencial para a evolução da sociedade. 

E, claro, é impossível não citar Umberto Eco, quando se fala em comportamento nas redes sociais. O escritor com o seu olhar crítico foi certeiro quando disse: “As redes sociais deram o direito à palavra à legião de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade. Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis”. 

Impossível não concordar, afinal, o que se vê por aí, espalhado nas redes sociais, muitas vezes são shows de horror. Vale tudo pelo espetáculo, pelos seguidores, pelo engajamento. Como vampiros, de anônimos a políticos, eles seguem em busca do alimento da alma e do ego. O que vale a todo custo é estar em evidência. Nem que para isso seja preciso compartilhar fake news, promover violência, disparar conteúdos que no fim não agregam em nada para o coletivo, pelo contrário, atrasam cada vez mais a tão sonhada e falada evolução. 

É desolador ver que algo que poderia ser usado para auxiliar no desenvolvimento da sociedade, se tornou um arma potente – e muitas vezes letal – na mão da chamada “legião de imbecis”. Muito além de peculiares, esses caminhos escolhidos pela humanidade são perigosos. E, alguns não têm sequer volta. O que torna tudo muito mais preocupante. Vale mentir, vale bater, vale filmar, vale absolutamente tudo para estar em evidência, em destaque, alimentando a alma e o ego. Valores são deixados de lado. O que importa é o espetáculo. É falar para o vazio. É alimentar a vaidade. É acreditar naquele discurso, e seguir, como se nenhum dano tivesse sido causado. 

Desolador ver que este cenário vem se fortalecendo cada vez mais, e não há sequer uma luz no fim do túnel. É fato que a internet e as redes sociais fazem parte da humanidade, e não há como voltar atrás. O velho discurso do “no meu tempo” deve ser abandonado. Afinal, não tem como viver do passado, e o que se tem no presente é a tecnologia cada vez mais presente na vida das pessoas. Mas, também é fato que a humanidade se perdeu neste caminho. Faltou equilíbrio, maturidade e responsabilidade. Tudo isso só mostra o quanto ainda é preciso caminhar para dar um passo sequer rumo à evolução, pois está mais claro que o sol do meio dia que este “alimento” não sustenta o vazio que muito têm em sua alma, e no fim de tudo, nunca acaba, tem trazido danos – alguns irreversíveis – para a sociedade. 

É tempo de recalcular a rota…

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