Federação assina acordo pelo fim da greve nas federais, mas sindicato segue contra

Da Redação

Federação e sindicato vivem um racha nas tratativas pelo reajuste para os professores das universidades federais. Enquanto o primeiro assinou o acordo apresentado pelo governo, o segundo mantém a greve. 

A Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) assinou, na segunda-feira, a proposta do governo federal. O reajuste será de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. 

Segundo o presidente do Proifes, Wellington Duarte, os termos oferecidos estão aquém do ideal, mas foi o “acordo possível”. 

— Sei que muitos colegas docentes ficaram insatisfeitos com a proposta. Nós também. (…) Mas, analisando a conjuntura atual e as dificuldades que temos tido com relação ao desenvolvimento desse país e com a própria situação orçamentária, optamos por indicar aos sindicatos federados que aprovassem a proposta — explicou. 

Duarte prometeu continuar as articulações em defesa do orçamento das universidades, além do diálogo por melhores condições salariais e de progressão de carreira para os servidores. 

— É uma luta que não vai parar — afirmou. 

A assinatura, no entanto, não é unânime nem garante o fim da greve. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andes) acusa a federação e o governo federal de um “golpe”, atitude classificada como autoritária. 

A entidade sindical apresentou uma contraproposta ao Executivo nesta semana. Uma resposta deverá ser dada até 3 de junho, em nova reunião junto ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). 

— A greve segue forte — garante o presidente do Andes, Gustavo Seferian. 

Pelas redes sociais, a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de São João del-Rei (USFJ) informou que a greve continua, uma vez que o Andes não assinou o acordo. A espera é pela nova reunião, na próxima segunda-feira. 

Contraproposta

O movimento do Andes pleiteia um reajuste linear, nas seguintes condições:

  • 3,69% em agosto deste ano, com base na inflação acumulada; 
  • 9% em janeiro 2025;
  • 5,16% em maio de 26.

Dentre as demais reivindicações, a recomposição orçamentária de R$ 2,5 bilhões e a revogação de medidas consideradas prejudiciais às carreiras dos servidores. 

Conflito

O governo federal propôs, na última semana, um reajuste variável de 13,3% a 31%, começando no próximo ano até 2026. 

— Os que ganham mais terão o aumento mínimo de 13,3%. Quem recebe menos ganhará o reajuste máximo de 31% — detalhou a Agência Brasil.

Segundo o Proifes, o Conselho Deliberativo votou pela aprovação da proposta, orientando a federação a assinar o acordo. 

O Andes alega, no entanto, que a assinatura não é válida para os docentes do Ensino Básico, Técnico, Tecnológico (EBTT). 

— O Andes-SN também tem tomado providências legais para assegurar que o mesmo impedimento em relação à Proifes aconteça para docentes do magistério superior, garantindo o respeito às decisões tomadas pelas assembleias de base — informou. 

Em nota de repúdio, o Proifes classificou o sindicato como “reacionarismo sindical”.  

— A Andes, numa ação tresloucada, irresponsável e ilegal, utiliza seu arsenal midiático para promover uma campanha difamatória contra o Proifes-Federação; e, agora, organiza uma ação massiva da sua assessoria jurídica, para impedir a atuação livre dessa entidade federativa — defende-se. 

O sindicato explica que 58 assembleias rejeitaram a proposta do governo, com 44 indicando a necessidade de apresentação de contraproposta. 

Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o ganho acumulado dos docentes nos quatro anos será de 28% a 43%, dependendo da categoria, classe e titulação, considerando o reajuste de 9% concedido em 2023, que incide na folha deste ano. 

Estado

No âmbito estadual, docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) defendem a aprovação de emendas para o reajuste ser de 33,24%, além de outros tópicos, como a manutenção da ajuda de custo em casos de licenças. 

O projeto do governo estadual prevê reajuste a todo o funcionalismo de 3,62%. Segundo o Executivo, o percentual é o máximo que o Estado tem condições de oferecer. 

A Associação dos Docentes da Uemg (Aduemg) convoca os profissionais a comparecerem às reuniões na ALMG para pressionar os deputados, que devem votar o projeto em primeiro turno hoje. 

— Pelo direito à manutenção da integralidade de nossa remuneração salarial em casos de licença médica, maternidade e paternidade — acrescenta, para além da defesa do reajuste. 

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