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Poeta integrante da ADL e do ARTEFERIA

by JORNAL AGORA

CLÁUDIO GUADALUPE

POESIA MODERNA BRASILEIRA: DOIS CASOS 

Vamos conhecer dois poetas brasileiros do mês de maio, que apresentam uma poética bem metafísica e moderna: o carioca Ronald de Carvalho (16/05/1893) e o mineiro Murilo Mendes (13/05/1901).

Ronald de Carvalho, nascido em no Rio de Janeiro, tornou-se um poeta modernista após visita a Portugal e aqui no Brasil, participou na Semana de Arte Moderna (1922), no início do modernismo. Entre suas obras se destacam Poemas e sonetos (1919),  Pequena história da literatura brasileira  (1919) e os Epigramas irônicos e sentimentais (1922). Depois veio o livro   Toda a América (1926), considerado a sua obra mais representativa, além do Espelho de Ariel (1923) e  Estudos brasileiros (três séries: 1924-1931). 

Ronald de Carvalho foi um dos criadores da revista modernista Orpheu (1915), em Portugal, que junto ao poeta Fernando Pessoa, revolucionou a poesia portuguesa. Vamos nos deliciar com um poema com o tema a nacionalidade brasileira do livro Toda a América:     

UMA NOITE EM LOS ANDES

Naquela noite de Los Andes 

eu amei como nunca o Brasil.

De repente,
Um cheiro de Bogari, um cheiro de varanda
carioca balançou no ar…

Vinha não sei de onde o murmúrio de um
córrego tranquilo,

Escorregando como um lagarto pela terra
molhada.

A sombra vestia uma frescura de folhas
úmidas.

Um vagalume grosso correu no mato.
Queimou-se no sereno.

Eu fiquei olhando uma porção de cousas
doces maternais…

Eu fiquei olhando, longo tempo o céu da
noite chilena as quatro estrelas de um
cruzeiro pendurado fora do lugar…

O outro poeta a ser destacado hoje será o mineiro Murilo Mendes, representante de uma literatura surrealista na literatura brasileira, conhecido pelo uso de um humor fino, uma linguagem católica, metafísica, a construção de belas imagens com seus versos. Iniciou a carreira literária com o livro Poemas (1930), com edição bancada pelo seu pai, em Juiz de Fora. Depois vieram várias obras como Bumba-meu-poeta (1931); História do Brasil (1932), com capa de Di Cavalcanti; Tempo e Eternidade (1935) – escrita, em conjunto, com Jorge de Lima. Entraremos em contato com os dois livros marcantes As Metamorfoses (1938) e Poesia e Liberdade (1947), de onde tiramos os poemas a seguir. Vamos mergulhar na sua poética surreal e liberadora:

ESTUDO Nº 4

Quando se acalmará
Essa doença fértil a que chamam Vida?
Não quero soletrar o horizonte
Nem seguir o desenho da onda na areia,
Nem quero conversar flores no campo idílico.
Quero antes correr a cortina sobre mim mesmo,
Transcender minha história
E esperar que Deus remova meu corpo.
Quero tudo, ou nada:
Todas as paixões, todos os crimes, delícias e propriedades.
Ou então mergulhar num saco de cinzas,
Montar num avião de fogo, 

e nunca mais descer.

OS POBRES

Chegam nus, 

chegam famintos
À grade dos nossos olhos.
Expulsos da tempestade de fogo
Vêm de qualquer parte do mundo,
Ancoram na nossa inércia.

Precisam de olhos novos, de outras mãos,
Precisam de arados e sapatos,
De lanternas e bandas de música,
Da visão do licorne
E da comunidade com Jesus.

Os pobres nus e famintos
Nós os fizemos assim.

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