A semana termina com um “soco na boca do estômago” das brasileiras. A Câmara aprovou, na quarta-feira, 12, a tramitação em regime de urgência de projeto de lei que equipara penas por aborto e homicídio tramite. O assunto vem de encontro ao que vem sendo abordado com frequência e não é de hoje. A forma como as políticas públicas são criadas no Brasil, e como os políticos brasileiros têm se mostrado cada vez mais amadores. Diante a atrocidade, a gravidade que é o projeto de lei, e a maneira como os deputados querem tratar o tema, não é possível pegar um “ponto de partida” para sequer iniciar a discussão. Não dá! Qualquer pessoa que tenha discernimento, e o mínimo de sanidade mental, se revolta diante a atrocidade que é a proposta, e a forma como o tema está sendo tratado pelos legisladores brasileiros. É como foi dito neste mesmo espaço nesta semana, cada dia é um novo “7×1” que o povo precisa engolir. Neste caso especificamente, as mulheres. Como se só o fato de ser mulher não fosse um fardo pesado suficiente, os governantes conseguem tornar tudo isso muito pior. Como se só o fato de o mundo ser um grande beco escuro para as mulheres, os políticos brasileiros trabalham arduamente para tornar tudo isso ainda mais difícil.
Assustador. Talvez essa seja a palavra perfeita para definir o PL que equipara penas por aborto e homicídio. Assustador não só pelo seu teor, mas também pelo fato de escancarar que os brasileiros têm feito escolhas cada vez piores, e que o nível de debate no parlamento vai de mal a pior. Não há técnica, não existem fatos, apenas achismos, ideologias, e muita, mas muita religião envolvida, em um estado que na teoria é laico. Desolador ver os caminhos que a política brasileira anda trilhando. Sem qualquer tipo de respeito ou responsabilidade com o coletivo, e com o cargo ao qual lhes foi confiado, os governantes apenas seguem como se fossem tratores. Passando por cima de tudo e de todos com um único propósito: defender os seus interesses, e claro, usar o povo, e a pautas mais polêmicas para se manter no poder. Vergonhoso. Sem qualquer tipo de pudor ou medo, não há absolutamente nada que faça com que eles parem, e reflitam sobre suas posturas dentro do parlamento brasileiros, e que estão ali representando um povo, com suas diferenças, suas peculiaridades, uma nação, e não os seus interesses.
Dados para provar o quão arrasador esse projeto de lei é não faltam. Mas o que estarrece mesmo e vale a pena ser dito é sobre os caminhos que o brasileiro anda trilhando, e escolhendo trilhar. Com tantos problemas Brasil afora, os governantes conseguem extrapolar o limite do respeito com o povo, e tornar o que é ruim ainda pior. Isso é Brasil. O país da piada pronta. O país que consegue fazer com que “ser mulher” se torne cada vez pior, e mais perigoso. E, claro, não consegue sequer apresentar soluções para problemas que realmente merecem atenção, e urgem por serem solucionados. A verdade é que a cada dia que passa, a cada polêmica que vem, a cada polêmica que vai, só fica a certeza de que está mais difícil engolir o “isso é Brasil”. E, que todo este cenário, o medo é o único sentimento que resta.
