Advogado de biomédica justifica pedido de anulação das provas

Foto: Divulgação - Lorena Marcondes está em prisão domiciliar

Bruno Bueno

O advogado da biomédica Lorena Marcondes, Tiago Lenoir,  justificou o pedido de anulação das provas do caso. Lenoir alega que a Polícia Civil demorou meses para formalizar o recolhimento das provas coletadas na clínica da biomédica. O profissional do direito também pediu o cancelamento da Audiência de Instrução e Julgamento de Lorena, marcada para dia 8 de julho, no Fórum de Divinópolis.

Justificativa

Tiago alega haver quebra da cadeia de custódia prevista no artigo 158-B do Código Penal. Segundo o texto, toda prova relevante para a apuração de um crime deve ser devidamente acautelada, periciada e transportada. 

— Eu tive acesso a fichas de acompanhamento de vestígio dessas provas. Várias dessas foram formalizadas depois dos fatos. Nós não sabemos onde elas foram coletadas, em que circunstâncias foram armazenadas etc — explica.

Para o advogado, a perícia não teve zelo durante o processo.

— Do ponto de vista do Código do Processo Penal e da Resolução da Policia Cívil 8160/2021, que discorre sobre como esse processo deve ser feito, as provas estão completamente viciadas — comenta.

Detalhes

O computador é uma das provas “viciadas”, avalia o advogado.

— Na entrevista coletiva, a perita disse que pegou vários objetos, inclusive um computador. Esse aparelho só foi formalizado no dia 27 de julho, dois meses após o fato. O que aconteceu nesse período?— questiona.

Outros problemas foram apontados pelo profissional. 

— Formalizaram a apreensão de óculos de proteção para laser, campos cirúrgicos, caixas de papelão, detergentes e outros materiais biológicos somente no dia 30 de agosto de 2023. Isso dá a entender que ela esteve no local neste dia — pontua.

2024

Uma das formalizações só aconteceu no começo deste ano.

— Eles só registraram no dia 18 de janeiro de 2024 — explica.

Tiago ainda afirma que Lorena Marcondes nunca fez procedimentos de lipoaspiração.

— Ela tem 12 anos de profissão e não acordou querendo matar ninguém. Era só mais um dia de trabalho — pontua. 

Próximos passos

Ainda segundo o defesa, a audiência de instrução e julgamento se encontra prejudicada.

— Um fruto podre envenena todo cesto. Como vou discutir o julgamento se uma das provas está viciada do ponto de vista legal? — explica.

Ele espera que a situação seja resolvida.

— O correto é revogar as provas e devolver para o Ministério Público para apurar o caso. Assim, a Justiça pode chegar às conclusões se de fato ela cometeu algum crime — acrescenta. 

Lorena está em prisão domiciliar na cidade de Nova Lima. Tiago entrou com um pedido para revogar a condição. O texto tramita no Superior Tribunal de Justiça. 

Polícia Civil

Em nota, a Polícia Civil disse que o inquérito foi concluído e que “não comenta as manifestações da defesa dos indiciados”.

Relembre

Irís Martins, de 46 anos, morreu no dia 8 de maio de 2023 após um procedimento estético em uma clínica na região Central de Divinópolis. A responsável pela operação foi a biomédica Lorena Marcondes, que teria recebido R$ 12 mil para realizar a lipoescultura. 

A vítima sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e precisou ser levada para o Hospital São João de Deus, onde não resistiu.

Investigação

A Polícia Civil afirmou que a cirurgia só poderia ter sido feita com a presença de um médico e de um anestesiologista. 

Lorena e uma enfermeira que auxiliou no processo foram presas preventivamente após o caso, mas progrediram para a prisão domiciliar. 

A biomédica voltou a ser presa em março deste ano em Nova Lima, porém novamente teve a prisão convertida para domiciliar.

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