Raramente se inicia um dia em que não se depara com: Polícia Federal deflagra operação para desmantelar grupo criminoso que praticava isso, aquilo… É desvio de dinheiro, tráfico de drogas, de pessoas, falsificação de resultados… A última da vez, nesta quarta-feira envolve o mundo do futebol, o que não é novidade. Tão podre, quanto o da política. A PF cumpriu diversos mandados de busca e apreensão em uma investigação que apura possível manipulação de resultado no jogo entre Inter de Limeira e Patrocinense — da cidade de Patrocínio, no Alto Paranaíba —, pela Série D do Brasileiro. A partida foi realizada no dia 1º de junho último, no interior paulista. A operação, batizada de “Jogo Limpo”, teve ações no município mineiro, São José do Rio Preto, São Paulo, Rio de Janeiro, Tanguá-RJ e Nova Friburgo, também no Rio. No jogo alvo da ação, a Inter de Limeira venceu a Patrocinense por 3 a 0, com os três gols marcados ainda no primeiro tempo, um deles, já nos acréscimos da etapa inicial, foi contra. Conforme a Polícia Federal, apostadores “detinham conhecimento prévio de que determinada equipe viria a perder o primeiro tempo da partida por ao menos dois gols”. E não é a primeira vez, tem sido recorrente nos últimos anos. Mas, no Brasil, em especial pela fragilidade das leis, os crimes são sempre repetidos e nos mesmos moldes. E segue o baile sem prazo para terminar.
Guerra entre os poderes
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal, só escancarou uma realidade presente em todas as esferas do país: a guerra entre os pobres. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não gostou nada da “intromissão” e decidiu criar uma Comissão Especial que irá debater a PEC das Drogas, aprovada pelo Senado neste ano. A proposta já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, agora, será analisada pelo órgão colegiado, composto por 34 deputados federais. O prazo começou a valer e ao final, talvez essa “queda de braço”, não altere o que foi decidido, mas a necessidade de se provar “quem manda”, fala mais alto. Enquanto a disputa de egos impera, o que deveria ser um debate saudável e união em prol do povo, sempre fica em segundo plano.
O que é?
A PEC das Drogas, como foi aprovada no Senado, altera a Constituição Federal para determinar que é crime a posse ou o porte de qualquer quantidade de drogas. A proposta passou em abril último, por 52 votos a favor e nove contrários em votação no segundo turno. Na decisão do STF tomada nesta terça-feira, a maioria dos ministros votou para retirar do âmbito criminal o porte da droga para consumo próprio. A prática passa a ser tratada como infração administrativa. Os ministros julgaram o artigo 28 da Lei das Drogas, que não define um critério claro para diferenciar usuário e traficante. Após a decisão do Supremo, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), afirmou que a Suprema Corte invadiu as competências do Legislativo federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para ele, a competência é do Congresso Nacional. E de fato é. Agora, se houve invasão, a análise fica a cargo de cada um. E se for levado para o lado de que o Legislativo se equivoca em algumas decisões e demora demais para se chegar a um desfecho?
Relação conturbada
Outra relação marcada por altos e baixos, é entre o governador Romeu Zema (Novo) e o presidente Lula (PT). Mas a cada novo episódio fica muito claro que Zema não “engole” o petista. Prova disso é que o governador recusou o convite do Palácio do Planalto para participar das agendas do presidente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, sob alegação de já ter marcado compromissos na região Norte de Minas. Lula desembarca em Minas no início da tarde de hoje e cumprirá agenda de vistoria de obras e anúncios amanhã. Do seu lado, Zema viajou para o Norte de Minas, onde vistorias obras e acompanha inaugurações da área da saúde. Participa da abertura da Expomontes em Montes Claros, depois faz um tour por outras cidades da região. Eventos, que segundo sua assessoria, já estavam marcados antes do anúncio da visita de Lula em Minas. Então, tá. Os divinopolitanos também aguardam ansiosos uma agenda do governador por aqui, que aliás, há muito parece não ser prioridade.
Saúde na pauta
Após quase cinco horas de discussões e de apresentação de vários requerimentos, o projeto que trata da prestação de assistência à saúde pelo Instituto de Previdência dos Servidores de Minas Gerais (Ipsemg), teve parecer pela legalidade aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas. A proposta, de autoria do governador, tem gerado polêmica, aliás, mais uma, em especial por aumentar as alíquotas de contribuição para a inclusão de dependentes no plano de assistência à saúde. No novo texto que passou na CCJ, a alíquota de contribuição de 3,2% permanece como no projeto original, mas filhos dependentes com doenças raras ou deficiências ficam isentos. Absurdo querer aumentar a cobrança pelos filhos, num plano que já deixa a desejar em vários quesitos. Mas, quando envolve o tratamento dado aos servidores estaduais não surpreende.
