Ígor Borges
A confusão entre um motorista terceirizado da Câmara e um pré-candidato a vereador no início da semana, ganhou novos capítulos. O caso que aconteceu na segunda-feira durante a inauguração de uma praça no bairro São Simão terminou em um Boletim de Ocorrência por agressão.
Novas imagens veiculadas nas redes sociais, mostram um vídeo em que o pré-candidato vai até a Câmara e aborda o servidor. O Agora ouviu ambos os lados da história.
O motorista já está afastado desde terça-feira. Ele lamentou o caso e disse que não conhece o pré-candidato e que está preocupado em maneiras de sustentar sua família.
Pedido de dispensa
Ao Agora, a Presidência da Câmara revelou que fez um pedido para que o motorista seja dispensado de serviços do Legislativo.
Como o servidor é contratado por uma empresa terceirizada, a dispensa é feita por ela. Entretanto, o presidente da Câmara, Israel da Farmácia (PP), solicitou que ele não atue mais a serviço da Casa.
Casos passados
Um outro vídeo com os envolvidos circulou nas redes sociais nesta semana. Na ocasião, imagens da Câmara mostram o pré-candidato nos corredores do Legislativo, produzindo imagens para sua rede social, questionando os vereadores.
O registro é de 15 dias atrás. Nele, é possível ver ainda o motorista sendo abordado e conversando com o outro envolvido.
Daniel Cardan (Novo) disse à reportagem que foi conversar com vereadores após uma reunião ordinária.
— Os vereadores, ao me ver ali no plenário, saíram pelos fundos. Dito que tudo isso eu dei a volta, para perguntar e questionar ali os vereadores. Inclusive eu conversei com alguns assessores e até para o motorista, que falou que não era assessor do Marra — comentou.
O Agora conversou com o motorista, Marcelo Gonçalves, que confirmou a abordagem de Daniel.
— Na hora em que eu estava batendo ponto para ir embora, ele me abordou perguntando se eu era assessor. Perguntou também onde estavam os vereadores, eu disse que não era assessor e que era motorista e que eu não sabia onde estavam os vereadores — explicou.
Confusão
De acordo com a Polícia Militar (PM), populares relataram que um homem foi agredido na praça do bairro São Simão.
— Os militares realizaram contato com a vítima de 35 anos, a qual relatou que estava na inauguração da praça, com o intuito de filmar o evento e postar em suas redes sociais, que durante as filmagens, direcionou a câmera do celular em direção a um homem no local, iniciando uma discussão entre ambos, vindo o autor a desferir um soco no rosto da vítima e chutado o aparelho celular dele — relatou.
Ao Agora, Daniel disse que o servidor o ameaçou antes de o agredir.
— Eu liguei o telefone e perguntei por que ele estava me cercando. Aí isso está no vídeo, ele veio pra cima de mim. Eu não cheguei o telefone na cara dele, não teve nada disso — relatou.
Já o motorista disse que estava conversando com algumas pessoas no momento em que Daniel começou a gravar.
— Ele virou pra cima de mim me filmando e fazendo as mesmas perguntas, se eu era assessor e o que estava fazendo ali. Eu disse que era motorista e que ele já sabia e sai andando. Ele então, veio atrás de mim falando algo que não ouvi e logo em seguida ele veio com telefone batendo em meu rosto. Eu simplesmente o empurrei para me defender — contou.
Relato do motorista
Afastado de seu cargo de motorista, Marcelo lamenta o ocorrido.
— Não sei o porquê dele está fazendo isso comigo, pois não o conheço e nunca fiz nada contra ele. Sou trabalhador e estou na Câmara há mais de dois anos. Sou pai de família, tenho filho de um ano e meio. Fico triste com esse cara querendo me prejudicar, a custo de se auto promover — falou.
Ele ainda relata a preocupação com seu afastamento.
— Preciso do meu emprego para sustentar meu filho. Não sou político, não sou de fazer vídeos e ele fica aí se auto promovendo e falando mentiras para me prejudicar e sujar minha imagem. Já estou em contato com meu advogado para tomar as devidas providências — completou.
Afastamento
O colaborador já está afastado desde terça-feira, de acordo com a presidência da Câmara.
— A Câmara vai manter assim e abrir um processo investigatório — relatou.
Israel da Farmácia ainda explicou o posicionamento da Casa, em vídeo. Ele ainda confirmou que o homem afastado é um servidor contratado por uma empresa terceirizada.
— A Câmara preza pela legalidade e constitucionalidade. Somos uma instituição que preza e cuida da população e esse ato não é compatível com essa Legislatura. A Câmara não concorda com qualquer tipo de violência — explanou.