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Bancada da selfie 

by JORNAL AGORA

Talvez não tenha outro nome perfeito para definir alguns políticos brasileiros. Ávidos por curtidas, comentários e compartilhamentos, tornam-se especialistas no assunto. Não faltam vídeos, discursos energéticos, imagens em alta qualidade e edição impecável. A verdade nua e crua por trás de tudo isso é que não passa de uma grande encenação. Enquanto a “bancada da selfie” segue interessada apenas no universo digital, muitas áreas e demandas carecem de atenção e, principalmente, soluções no mundo real. 

A prática, inclusive, já tem seu modus operandi. Entram em cena com discursos roteirizados, frases de efeito e a lapela presa ao paletó. Enquanto alguém grava, criticam opositores a sua linha de pensamento, promovem ataques, disseminam desinformação e fazem pronunciamentos inflamados. Mas, desligados os aparelhos, não promovem qualquer articulação para, de fato, melhorar a vida do cidadão brasileira. O fenômeno, que tende a ganhar mais adeptos neste ano eleitoral, não escolhe ideologia, e está por todos os lados. 

Tornou-se comum, atualmente, encontrar parlamentares microfonados e com celulares de última geração, no plenário ou nas ruas. Devidamente equipados, estão prontos para munir o eleitorado com vídeos criticando o óbvio e, quase sempre, sem apontar soluções ou ao menos apresentar propostas que sejam minimamente viáveis – e não delírios de quem desconhece as burocracias e limitações do poder público. 

O comportamento, que anos atrás não existia, tem influenciado de forma considerável até mesmo a participação dos governantes em reuniões. Não é raro ver um parlamentar, em qual instância seja, discursar brevemente e ir embora. Esbravejam sobre os mais diversos temas. Não existe meio-termo: nada está bem ou tudo está ótimo. 

O comportamento peculiar dos parlamentares têm, inclusive, virado tema para especialistas. A prática, segundo eles, estimula as brigas e os confrontos entre os políticos para ampliar o alcance nas redes. Após constantes embates e insultos no primeiro semestre, por exemplo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), apresentou uma resolução para autorizar a Mesa Diretora a aplicar sanções aos deputados por quebra de decoro.

A avaliação é simples: muita visibilidade e pouca ação. Políticos interessados apenas em produzir números, não resultados. As redes sociais são, sim, importante ferramenta para aproximar eleitores e eleitos. Muitas pessoas, por exemplo, não conseguem acompanhar as reuniões em Brasília, Minas ou Divinópolis. E, com isso, a prestação de contas através das plataformas digitais ajudam a dar transparência ao trabalho e aos posicionamentos dos representantes do povo. Alguns, porém, optam por encarar o espaço digital como uma arena de gladiadores, onde apenas o conflito é sinal de produtividade. 

O período eleitoral se aproxima e uma boa escolha passa por bloquear a tela e olhar à volta. O que é dito tem se transformado em realidade e mudanças positivas? As críticas, desde que não sejam frutos de inimizades pessoais ou de interesse político, são saudáveis e ajudam a criar um ambiente onde as melhorias são construídas, e não impostas. 

A selfie é apenas um frame da realidade, salvo na memória do celular, que facilmente desaparece em meio a tempestade digital. O real, não. Nele, os problemas permanecem por anos, presente no dia a dia. Basta querer enxergar.

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