Bruno Bueno
A UPA Divinópolis tem, oficialmente, uma nova gestão. O Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste para Gerenciamento dos Serviços de Urgência e Emergência (CIS-URG Oeste), que também administra o Samu, tomou frente da unidade na manhã de ontem. Autoridades destacaram os desafios da nova administração da UPA.
Mudanças
O presidente do CIS-URG Oeste, Donizete Chumbinho (PSDB), falou sobre o novo momento da UPA.
— O desafio é fazer bem feito, atender a demanda. A função da gestão é atender aquilo que está à frente. Nossa grande expectativa é que os atendimentos da UPA se tornem referência nacional, assim como o Samu — explicou.
O representante também afirmou que há um interesse do Ministério da Saúde em acompanhar o trabalho da UPA.
— A saúde é sobre preservar a vida e nós temos que sempre trabalhar para o melhor atendimento das pessoas — completou.
Samu
O secretário executivo do CIS-URG Oeste, José Márcio Zanardi, ressaltou que os membros do consórcio estão há 40 dias na unidade para entender o funcionamento.
— Temos diversos planos, como melhorias na estrutura física, aquisição de novos equipamentos, implementação de novas tecnologias e mudanças em contratos de prestação de serviço — afirmou.
Novos funcionários devem chegar à unidade.
— Também vamos lançar um processo seletivo transparente para formar uma equipe qualificada e unida, como a do Samu— disse.
Acreditação
Há o interesse da nova gestão em conseguir a acreditação Organização Nacional de Acreditação (ONA), método de avaliação e certificação que busca, por meio de padrões e requisitos previamente definidos, promover a qualidade e a segurança da assistência no setor de saúde.
— É algo alcançado por poucas UPAs no Brasil — esclareceu o diretor técnico da UPA, Marco Antônio Expedito.
Para ele, o maior desafio é ser a entrada do Sistema Único de Saúde (SUS).
— Precisamos adequar a assistência com foco na humanização, para que o usuário chegue com a sensação de acolhimento — comentou.
Prefeitura
A secretária de Saúde, Sheilla Salvino, ressaltou que, embora a gestão da UPA seja transferida para o CIS-URG, o Município não se exime da responsabilidade.
— O CIS-URG foi escolhido por ser um consórcio vocacionado à urgência e emergência e por ser reconhecido nacionalmente pela excelência administrativa — pontuou.
Ela também falou sobre o novo momento da unidade.
— Esperamos que essa experiência elimine os problemas administrativos que afetaram a UPA anteriormente, mantendo o foco na assistência — salienta.
História
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto Cordeiro Martins foi inaugurada no dia 28 de março de 2014. Na época, a unidade era administrada pela Santa Casa de Formiga em parceria com a Prefeitura de Divinópolis.
Em 2019, a UPA passou a ser administrada pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS). A Prefeitura rescindiu o contrato em 2021, alegando irregularidades na prestação de contas pertinentes ao contrato firmado entre o instituto e o Município. A ação foi deflagrada após uma denúncia sobre a falta de medicamentos para sedação de pacientes com covid-19 na unidade.
Um ano depois, a gestão foi repassada ao Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp).
Caos em 2024
Divinópolis viveu, em abril de 2024, outro caos na Saúde. O Ibrapp anunciou que a taxa de ocupação de leitos infantis ultrapassou 300%. Além disso, 21 crianças aguardavam vaga hospitalar e outras cinco estavam em observação.
A situação se tornou ainda mais caótica quando Thallya Beatriz, de apenas quatro anos, morreu na UPA. A Prefeitura informou que ela teve um quadro convulsivo. No entanto, a família da menina contesta a versão.
Os desdobramentos levaram a Prefeitura a mais uma rescisão. Em maio, a Prefeitura fez a proposta para o CIS-URG Oeste, que aceitou o desafio durante assembleia.