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Sem caminhos 

by JORNAL AGORA

O Brasil registrou um crime de estupro a cada seis minutos em 2023. Quase 84 mil casos foram contabilizados no ano passado. Além do recorde em estupros, os dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam o aumento dos registros em todas as modalidades de violência contra a mulher no país. Sozinhas, julgadas, e sem caminhos. Os números impressionam. O crime de importunação sexual foi um dos que mais cresceu, 48,7% em um ano. Já os crimes de stalking, ou seja, de perseguição, tiveram 77.083 registros, um crescimento de 34,5%. Por mais que grande parte da população insista em ignorar, mas, é como dizem por aí: “contra fatos não há argumentos”. E, isso é apontado pelo próprio Fórum, que afirma que os dados são relevantes, porque esse crime pode ser o primeiro passo de outras violências e até mesmo de feminicídio – assassinato de mulheres. Ainda segundo a publicação o crime de assédio sexual aumentou 28,5% nesse período. As tentativas de homicídio cresceram 9,2%; a violência psicológica aumentou em 33,8%. As agressões decorrentes de violência doméstica cresceram 9,8%, e os feminicídios tiveram alta de 0,8%. No total, 1.467 mulheres foram mortas no país em crimes de violência doméstica e outros, por simplesmente serem mulheres.

Dados, números e porcentagens que escancaram mais uma falha absurda não apenas na criação de políticas públicas que protejam as mulheres no Brasil de forma efetiva, mas também a falha na educação, na sociedade como um todo. A verdade é que essas mulheres são vistas apenas quando estão mortas. Mesmo assim por instantes. Após o primeiro impacto, elas mesmo mortas seguem sendo condenadas, sozinhas, e sem caminhos. Por todos. Os números estão aí e esfregam a verdade nua e crua na cara de todos. Não há proteção. Não há acolhimento. Não há políticas públicas. Não existem caminhos seguros para que as mulheres trilhem. O que se tem é apenas o paliativo. O “remediar”. Os dados insistem em mostrar que os trajetos escolhidos – sim, os governantes insistem nos mesmos caminhos há décadas – não estão surtindo efeito nenhum. As mulheres continuam desprotegidas. Contando apenas consigo próprias, quando têm a sorte de encontrar pessoas que são capazes de estender as mãos. No mais, não existem caminhos seguros para andar. Há apenas um grande beco escuro. 

Pode-se dizer que elas contam apenas com a sorte e com Deus. Para quem tem a sensação de algo é feito, quando alguém grava um vídeo aqui e outro ali. Não! A realidade é muito pior e cruel do que se consegue imaginar. Pois, quando uma mulher é condenada pelo seu algoz a ser vítima de um desses crimes, ela não encontrará caminhos de amor, de acolhimento, e justiça. O que se tem por aqui são apenas paliativos. A força e a coragem são o que farão a diferença no recomeço, quando ele é possível. Quando elas não estão no caixão, sendo julgadas mais uma vez. Os dados apontam, mostram, gritam os caminhos que necessitam ser tomados. Mas, todos continuam inertes, apenas vendo mais e mais mulheres serem vítimas dessa sociedade que falha, e não reage. Que filma e não socorre. Que quer mudança, mas que não quer mudar. Até quando?

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