A cultura das convenções políticas

Como prometi na semana passada, hoje em pleno furacão eleitoral, quando as convenções partidárias acontecem por todas as cidades do Brasil, vou falar sobre a cultura das convenções partidárias. Divinópolis mesmo já tem seus candidatos a prefeito e prefeita quase definidos, serão dois, Laiz, que já fez sua Convenção e Gleydson que participa da sua no próximo domingo, outras dezenas de candidatos a vereador também saíram e ainda vão sair  dessas convenções. Vou mostrar como aconteciam.

No Século XIX

– Estados Unidos: As convenções políticas começaram a tomar forma nos EUA no início do século XIX. A primeira convenção nacional de um partido foi realizada pelo Partido Anti-Maçônico em 1831. Os principais partidos, como os Democratas e os Whigs (mais tarde substituídos pelos Republicanos), seguiram o exemplo, utilizando convenções nacionais para selecionar candidatos presidenciais e definir plataformas partidárias.

No Século XX

– Europa: Muitos países europeus começaram a adotar convenções políticas ao longo do século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, quando a democratização se expandiu. Os partidos políticos realizavam congressos para definir estratégias, eleger líderes e selecionar candidatos.

– Outros Continentes: Em países da Ásia, África e América Latina, as convenções políticas também se tornaram mais comuns com o avanço da democratização e da independência de ex-colônias.

No Brasil

Império (1822-1889)

– Durante o Império do Brasil, a política era dominada por dois partidos principais: o Partido Liberal e o Conservador. Embora as decisões fossem mais centralizadas e oligárquicas, algumas reuniões e convenções regionais ocorriam para definir estratégias e candidatos.

Primeira República (1889-1930)

– A política brasileira foi marcada pela “Política dos Governadores” e pelas oligarquias estaduais. Convenções políticas existiam, mas eram muitas vezes dominadas por elites locais, com pouca participação popular.

Era Vargas (1930-1945)

– Durante o governo de Getúlio Vargas, a política foi centralizada e controlada pelo Estado Novo (1937-1945), limitando a ocorrência de convenções políticas genuinamente democráticas.

Redemocratização e Segunda República 

– Com a redemocratização em 1945, os partidos políticos voltaram a realizar convenções para escolher candidatos e definir plataformas. Partidos como a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrático (PSD) realizavam convenções regulares.

Ditadura Militar 

– Durante a Ditadura Militar, a atividade partidária foi restringida. Apenas dois partidos foram permitidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que apoiava o regime, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição. As convenções partidárias existiam, mas sob forte controle e vigilância.

Redemocratização

– Com a redemocratização, a partir de 1985, as convenções políticas ganharam nova importância. Os partidos políticos passaram a realizar convenções para selecionar candidatos às eleições presidenciais, estaduais e municipais. Destaques incluem as convenções do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Movimento Democrático Brasileiro (MDB, antigo PMDB) e outros.

A importância 

As convenções políticas têm desempenhado um papel crucial na democratização e no fortalecimento das instituições democráticas. Elas permitem a participação dos membros do partido na tomada de decisões, promovem debates internos e ajudam a construir consenso em torno de candidaturas e plataformas políticas. No Brasil, especialmente após a redemocratização, as convenções se tornaram um fórum vital para a definição de rumos políticos e a seleção de líderes.

Tem pauta para acultura? Envie para welbertonha@gmail.com

Welber Tonhá e Silva

Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09

Imortal da Academia de Letras e Artes Luso-Suiça em Genebra, cadeira nº C186

Membro da Academia Mineira de Belas Artes

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

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