Longo e árduo 

Belo Horizonte aprovou a lei determinando que todos os assentos dos ônibus do município, convencional ou suplementar, se tornam destinados ao uso preferencial. Conforme o decreto, a nova norma é válida para: pessoa com deficiência; pessoa com transtorno do espectro autista e pessoa com mobilidade reduzida, incluindo-se idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso. À primeira vista, a lei pode parecer radical. Mas, a verdade é que se tratando de Brasil, infelizmente se não for assim, “não vai”. A situação escancara mais uma vez as dificuldades que o povo tem em viver em sociedade, em ter educação, respeito e empatia. E, mostra também a hipocrisia de boa parte do povo. Afinal, por aqui muito se quer, muito se exige, mas pouco se dá. É justamente por ter este cenário, em que a falta de bom senso se faz presente que os governantes são obrigados a literalmente ensinar à população como se deve viver em sociedade. 

A lei mostra ainda que o Brasil está longe de ser um país desenvolvido e de primeiro mundo. Afinal, se em pleno século 21 ainda são sancionadas leis como esta, o que se pode constatar é que o caminho para o desenvolvimento é longo e árduo. Pois, é fato que os países que se desenvolveram e são de primeiro mundo hoje, detêm uma boa educação, respeito, zelam para o cumprimento das leis, condenam a corrupção, os privilégios e praticam a cidadania. E, claro, não ficam apenas no discurso. A população age, faz, dá exemplo. Por lá, a via de mão dupla funciona muito bem. Por aqui é como se os governos ainda precisassem pegar na mão do povo e ensinar o que é certo e o que é errado. Mesmo que para isso seja necessário usar a força da lei. É ensinar o básico. É educar. É mostrar que não se pode exigir aquilo que não se dá. Afinal, se o povo não cede sequer um lugar no ônibus para quem necessita, como pedir o fim da corrupção? Como exigir que os governantes deem exemplo. A sensação que se tem é que por aqui a população vive dentro daquele ditado “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. 

Basicamente é isso. As mesmas pessoas que querem um país melhor, que enchem a boca para falar sobre honestidade, sobre desenvolvimento são as mesmas que se esquecem que nos países onde a educação é esquecida, desprezada e até mesmo maquiada, e as pessoas a todo o momento tentam levar vantagem, essas são facilmente corrompidas entre outras atitudes questionáveis, que quando ocorridas coletivamente compromete o crescimento político-econômico-administrativo do país. A verdade é que essa é apenas mais uma, entre tantas outras contas que simplesmente não fecham aqui no Brasil, e nunca fecharão. Pois, o fato é que dentre tantas leis inúteis que são sancionadas diariamente no país, ainda existem algumas que são necessárias, e escancaram o quanto o Brasil vem falhando quando o assunto é viver no coletivo, é viver em sociedade. 

O fato é que mais uma vez os brasileiros se deparam com o real, e precisam lidar com a verdade por trás do story, e de todo blábláblá da rede social. O desenvolvimento está longe de vir. Primeiro é preciso aprender a ceder o lugar no ônibus para quem precisa.

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