Redes da desinformação 

Uma frase conhecida diz que: “o meu direito termina onde o do outro começa”. Em outras palavras, essa frase traz a reflexão sobre o espaço de cada um, mas dentro do coletivo. Apesar de ser uma citação antiga, e pouco utilizada, vem de encontro ao que o Brasil vive desde o “boom” das redes sociais, em meados de 2016. Sem dúvida, muita gente ainda não parou para pensar nos impactos negativos que esse acesso desenfreado, mas é possível, sim, senti-lo. Muito além da polarização política que o “boom” das redes trouxe, a verdade é que esse processo se tornou um problema de saúde pública. Quem trouxe à tona isso foi o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e esse é assunto sim que deve ser debatido, e mudanças precisam ser feitas urgentemente. De uma forma muito bem colocada, o ministro disse ainda que “não se trata de retrocesso em liberdade de expressão, mas de coibir a “libertinagem”. Não existe liberdade sem responsabilidade”. 

Fato. E, essa argumentação deve ser levada em consideração. Afinal, é justamente sobre isso, sobre o “meu direito termina onde o do outro começa”. E, a libertinagem nada mais é do que um mau uso da liberdade de um indivíduo. É a extrapolação da liberdade. E, o que mais se vê nas redes sociais é exatamente isso: indivíduos extrapolando a liberdade. A verdade é que esse comportamento tem custado caro para os brasileiros. O nível de desinformação, de degradação, provocado pelas redes sociais, ultrapassou o que se acreditava estar apenas no campo da discussão, e das divergências políticas, de posicionamentos, e se tornou um problema de saúde e segurança pública. Exemplos disso não faltam. Doenças erradicadas do Brasil estão voltando, por causa de fake news espalhadas questionando a eficácia das vacinas, e demais outras inverdades. Pessoas são julgadas o tempo todo no “Tribunal da Internet” e muitas vezes têm suas vidas devastadas por isso. É mais do que preciso sim debater sobre o assunto, e ir além. Criar punições severas, leis, e regulamentações. Afinal, o que mais se vê por aí são direitos sendo violados porque indivíduos caíram nas “redes da desinformação”. 

Neste cenário existem vários fatores, e talvez o maior deles, que deve ser encarado por todos, é o de que a conta chega, e essa todos pagam. E, a pergunta certa a ser feita é: a quem interessa manter o povo nessa “rede de desinformação”? Alguém definitivamente está “ganhando” com tudo isso, e sem sombra de dúvidas não é o povo brasileiro. Mas, há de se levar em consideração também que é necessário mudar, regular, impor limites, porém para que isso aconteça é primordial que a população consiga enxergar os danos que tudo isso tem trazido para o coletivo. A pandemia da covid-19 está aí como a maior prova de tudo isso. Não é possível contabilizar quantas vidas foram perdidas por essa “rede de desinformação”. E, é neste ponto que se faz necessário o questionamento: o que espera o Brasil um pouco mais a frente com o caminhar nessa “toada”? Encarar a realidade se faz necessário, o tempo urge, e a conta está na mesa.

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