Vez ou outra alguns acontecimentos nos remetem à pergunta: quanto vale uma vida? Tem o preço de um carro? De um celular? Como mensurar quanto vale uma vida, um sorriso, um futuro? Talvez essas sejam perguntas que definitivamente não têm respostas, mas a humanidade seguirá tentando determinar quanto uma vida vale, mesmo sem saber. O acidente aéreo que matou 62 pessoas na última sexta-feira, em São Paulo, ainda ecoa. De fato este não é o primeiro e infelizmente não será o último, mas nos leva a refletir: quanto vale uma vida? As informações preliminares apontam para falha no motor e/ou condições climáticas. Mas, seguindo alguns depoimentos dados por familiares, tudo indica que a aeronave não estava em boas condições. Uma passageira chegou a contar para a mãe, via mensagem, um pouco antes de o avião decolar, que tinham assentos quebrados. E, bastou o acidente acontecer, para que relatos de outros voos da mesma empresa feitos em condições no mínimo questionáveis fossem citados e divulgados.
E, é exatamente neste ponto que é impossível não questionar: quanto vale uma vida? O seguro da empresa já foi acionado para indenizar os familiares das vítimas do acidente. Mas, e aí? Existe indenização para isso? O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) finalizou, nesta segunda-feira, a ação inicial de investigação e remoção de partes da aeronave, e agora, a companhia aérea Voepass e a seguradora vão assumir o local da queda para fazer o recolhimento de objetos pessoais das vítimas e entregá-los às famílias. Vidas, sorrisos, risadas, futuros, planos, sonhos, pessoas, amores de alguém, reduzidos a “pertences pessoais em uma caixa”. Enquanto você lê essas linhas, corações estão dilacerados, pois essa foi a viagem que não teve os olhares ansiosos do outro lado no portão de desembarque. Essa foi a viagem que infelizmente teve o pior destino: a morte. Mesmo sem ter ainda a conclusão do que levou à queda do avião, o questionamento: quanto vale uma vida, persiste. É impossível ver a dor dos amigos e familiares das vítimas e não se comover. Afinal, o Brasil está diante do maior desastre aéreo do país desde 2007.
Hoje, as famílias não têm mais a resposta daquela pessoa do outro lado do celular, não têm mais aquela chamada, aquele “oi”, aquela risada, aquele sorriso. Os planos, os sonhos, os recomeços se foram. Em segundos. Em instantes. A chamada não existirá mais. O “alô” com aquela voz amada, cessou para sempre. Tudo foi levado de um momento para o outro. Tudo acabou e não voltará mais. O tempo não volta. E, é exatamente neste ponto que vem a pergunta: quanto vale uma vida? Vale um desejo absurdo de ter sempre mais e mais, e mais lucros por aí? Quanto vale uma companhia, um sonho, um sorriso, um “volta logo”? É nesse “lugar” onde não se encontram respostas, outra pergunta: onde esses caminhos da ganância, do poder, da vaidade, do ego, da riqueza levarão a humanidade? Quanto tem valido uma vida?
