O Casamento e sua cultura na história da humanidade

Casar é algo que muitos buscam, alguns que são casados brincam que não foi uma boa ideia, e recomendam aos solteiros a não se casarem, mas acabam se casando. Uma contradição. Brincadeiras à parte, eu entendo que casamento é muito mais do que uma cerimônia ou um papel assinado, casamento é construção diária, administração de conflitos e interesses, comunhão e, principalmente, parceria. 

A cultura do casamento tem raízes profundas na história da humanidade, sendo um fenômeno universal presente em praticamente todas as sociedades ao longo do tempo. A prática do casamento, em suas várias formas, reflete não apenas a união entre indivíduos, mas também uma série de valores, normas e expectativas sociais, econômicas e religiosas.

Origens primitivas

Nas sociedades primitivas, o casamento pode ter surgido como uma forma de assegurar a cooperação entre indivíduos e garantir a sobrevivência do grupo. O casamento também ajudava a criar laços entre diferentes famílias ou tribos, facilitando a paz e a cooperação entre elas. Além disso, o casamento regulava as relações sexuais e a procriação, estabelecendo padrões sobre quem poderia ter filhos com quem, o que era crucial para a sobrevivência e continuidade dos grupos.

Casamento na antiguidade

Nas civilizações antigas, como no Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma, o casamento era frequentemente arranjado e possuía uma função social e econômica significativa. Era uma maneira de consolidar alianças políticas, garantir heranças e proteger propriedades. Nessas culturas, a família desempenhava um papel central, e o casamento muitas vezes estava vinculado à preservação de status social e riqueza.

No antigo Egito, por exemplo, o casamento era uma união legalmente reconhecida, mas também era visto como uma parceria espiritual. Já na Roma antiga, o casamento possuía diferentes formas, dependendo do status social dos envolvidos. O “cum manu”, por exemplo, transferia a autoridade da mulher de seu pai para seu marido, enquanto o “sine manu” permitia que a mulher mantivesse certo grau de independência.

Influências religiosas

Com o surgimento das grandes religiões monoteístas, como o Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, o casamento passou a ter um componente religioso mais definido. No Cristianismo, o casamento foi elevado à categoria de sacramento, sendo visto como uma união sagrada perante Deus. Essa visão religiosa do casamento teve grande influência na cultura ocidental, onde o casamento passou a ser indissociável de cerimônias religiosas e das normas morais e éticas estabelecidas pela Igreja.

No Islã, o casamento também é altamente valorizado, sendo considerado um contrato legal e moral entre duas partes, com direitos e deveres claramente definidos para cada um dos cônjuges.

Mudanças modernas

Nos últimos séculos, a cultura do casamento passou por transformações significativas. A Revolução Industrial, por exemplo, trouxe mudanças econômicas que afetaram a dinâmica familiar e matrimonial. No século XX, movimentos sociais, como o feminismo e a luta pelos direitos civis, começaram a desafiar as normas tradicionais do casamento, promovendo maior igualdade de gênero e reconhecimento de diversos tipos de união.

Hoje, o casamento continua a evoluir, com o surgimento de novas formas de relacionamento, como uniões civis e casamento entre pessoas do mesmo sexo, refletindo as mudanças sociais e culturais mais amplas. Em muitas partes do mundo, o casamento não é mais uma necessidade econômica ou social, mas uma escolha pessoal baseada no amor e na afinidade mútua.

A cultura do casamento é, portanto, um reflexo das necessidades, valores e normas de cada época e sociedade. Desde suas origens como uma prática para garantir a sobrevivência e a coesão social, até seu papel nas grandes religiões e suas formas modernas e diversificadas, o casamento continua a ser uma instituição central na vida humana, ainda que em constante transformação.

Enfim, se casar fosse ruim, não teríamos aqueles que casam duas, três, até quatro vezes.

E você? Casado, gosta do casamento? Solteiro, pretende se casar? Me conte aqui. 

Tem pauta sobre cultura? Envie para welbertonha@gmail.com

Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09

Imortal da Academia de Letras e Artes Luso-Suiça em Genebra, cadeira nº C186

Membro da Academia Mineira de Belas Artes

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

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