Relembrando 

Na coluna do dia de 11 de novembro de 2023 esta colunista escreveu o seguinte: “Absurda a Nota de Repúdio em desfavor do jornalista José Geraldo Passos, editor do site Divinews, feito pela Câmara de Divinópolis.  Claro que como defensora ferrenha do direito de ir e vir, da livre manifestação do pensamento, não repudia a nota em si, afinal é livre manifestação. O que incomoda é que é um documento que visa o efeito mordaça, que é um atentado à liberdade da imprensa e demonstra claramente que um fez, com um conteúdo que nada tem a ver com os demais vereadores e estes simplesmente assinaram. Subserviência?!

Imprensa livre é coisa séria! É requisito do Estado Democrático de Direito. Calar a imprensa é Estado de Exceção. É o primeiro passo para amordaçar o cidadão. Se aceitarmos passivamente, daqui a pouco o Legislativo municipal exigirá de nós, simples cidadãos, que sempre os elogiemos, mesmo que cometam abusos.  Teremos que tratá-los como divindades como já ocorre no Poder Judiciário, onde alguns juízes, felizmente minoria, se acham deuses e alguns têm certeza. Aliás, por falar em divindade, não poderia deixar de mencionar o ofício enviado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, ao Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina por ocasião de um convite para solenidade de homenagem ao ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça. No ofício, o ministro declinava do convite porque feito por um integrante do cerimonial, pois segundo ele “integrante de cerimonial não se dirige diretamente a ministro do Supremo”. Afff!!

Pois bem

O texto acima, saiu na edição virtual  do Agora conforme pode ser confirmado pelo link https://agora.com.vc/noticia/mordaca e também na edição impressa do dia 08 de novembro de 2019. No dia  11 de novembro de 2019,  o texto foi replicado pelo portal Divinews conforme se comprova do link https://divinews.com/2019/11/11/por-adriana-ferreira-mordaca-e-subserviencia/. Aliás, respeitosamente o Divinews já replicou outros textos desta colunista, publicados aqui e esta colunista já o citou outras vezes. Imprensa livre e respeito mútuo. 

E por falar em respeito

Para o Jornal Agora, liberdade de imprensa é coisa séria e respeito pela sua equipe de jornalistas e também por aqueles de outros veículos é um de seus principais mantras. E por que falar sobre isso? Os ataques que Janiene Faria e Gisele Souto, diretora e editora, respectivamente, têm sofrido, fogem aos princípios basilares do direito de manifestação, de ir e vir. Ah, e como não rezam na cartilha,   não aparece ninguém para dizer que são ataques misóginos e elas até agradecem porque não querem e jamais se portarão como vítimas. Vitimismo é para as fracas, às sem argumento, e elas não o são. Desentendimentos por diferença de posicionamento, tudo bem! É democrático! Esta colunista mesmo já se desentendeu com a diretora e nada que um café e uma boa prosa, coisa de santantoniense que somos, não resolvesse. A continuar como está, é que não pode ficar! Capisce?

Essa coisa chamada jornal impresso I

O imperador romano Júlio César (100 – 44 a.C) durante o seu reinado criou a “Acta Diurna”, onde eram divulgadas as suas conquistas militares, esta ata foi considerada o primeiro jornal do mundo.  As informações dispostas ali eram escritas em tábuas e fixadas nos muros das principais localidades do império.  Na China, no final da Dinastia Han (206 a.C. até 220 d.C), circulava na corte o Tipao, que reuniam as principais informações sobre o governo. Entre 713 – 714 d.C, foi publicado o “Kaiyuan Za Bao” – jornal da corte – cuja escrita era realizada na seda de forma totalmente manual. Com a invenção da Prensa de Gutenberg no século XV que foi possível o surgimento dos jornais como conhecemos. 

Essa coisa chamada jornal impresso II

A imprensa chegou ao Brasil juntamente com a família real portuguesa em 13 de maio de 1808, na cidade do Rio de Janeiro (única cidade do mundo que foi capital de um país mesmo não pertencendo ao território de origem daquele país). Era chamada de Imprensa Régia, a atual Imprensa Nacional. Até então, qualquer atividade relacionada à imprensa, seja de livros ou jornais era proibida. Em 10 de setembro de 1808 nasceu  o primeiro jornal brasileiro: o “Gazeta do Rio de Janeiro”, que era a serviço do governo do governo. No mesmo ano, o jornalista Hipólito José da Costa (patrono da cadeira nº 17 da Academia Brasileira de Letras, atualmente ocupada pela atriz Fernanda Montenegro), que se encontrava exilado em Londres, lança o “Correio Braziliense” no dia 1º  de Junho, porém, por ser  produzido em Londres o jornal só desembarcou na cidade do Rio de Janeiro em outubro de 1808. O papel do jornal era surgir como voz da oposição criticando, entre outras coisas, os problemas administrativos. Mesmo se declarando conservador, o jornal por conta de seu conteúdo foi proibido no Brasil. Nascia a perseguição à imprensa no Brasil.

Essa coisa chamada jornal impresso III

Na nossa querida Divinópolis, conforme reportagem do Agora datada de 01/06/2022, aniversário de 51 anos do jornal (https://agora.com.vc/noticia/a-historia-escrita-em-folhas-de-papel), o primeiro registro de pesquisa data de 1916, quando Pedro X. Gontijo, um dos fundadores da cidade, publicou a primeira edição  do “Conversando com Divinópolis”. Um dos jornais mais antigos do acervo é datado em 28/03/1917. No entanto, o conteúdo descreve o periódico como “ano 2”, ou seja, confirmando que o veículo começou sua circulação em 1916.  “Conversando com Divinópolis, assinado por Pedro X. Gontijo, servia como principal meio de comunicação para divulgar as ações do governo. E lá se vão 108 anos de jornalismo impresso em Divinópolis. Destacam-se: Jornal Agora, A Esquerda, A Estrella do Oeste, A Flama, A Liberdade, A Manhã, A Noite, A Penna, A Semana, Divinópolis do Oeste, Flecha, Folha de Minas, Gazeta Popular, Gazeta Sanitária, Gente Nova, Minas Geraes, O Académico, O Arauto, O Centro, O Clarão, O Dia, O Clarim, O Diário, O Gráfico, O Grêmio, O Linguarudo, O Popular, O Ristillo, O Sentinela, Oeste Mineiro, Pela Vida, Porta-voz, Reformador, Tribuna Livre, Vanguardeiro, Vitaminas, Voz Democrática, Vozes da Vitória e muitos outros. 

Essa coisa chamada jornal impresso IV

No dia primeiro de junho de 1808 nascia o “Correio Braziliense” e exatos 163 anos depois, nasceu o Jornal Agora, que completou 53 anos em junho último.  Conforme reportagem do dia 1º de junho de 2024 (https://www.agoracomvoce.com.br/2024/06/01/historia-do-jornal-agora-se-confunde-com-a-de-divinopolis/, surgiu do sonho de um grupo de amigos, dez no total, tendo à frente Pedro Magalhães de Faria e Antônio Eustáquio Rodrigues Cassimiro (ambos já falecidos). Começou de forma simples, composto em caixas de tipo-letrinha por letrinha – passou pela linotipo, impressão a laser, até chegar aos dias atuais na forma impressa e nas plataformas digitais.

Pois é

O acervo de jornais impressos do Centro de Memória Professora Batistina Corgozinho, da Universidade Estadual de Minas Gerias (Uemg) é de impressionar. E segundo a museóloga e analista universitária  Kátia Maise, responsável pelo centro, “serve de estudo para várias áreas, como história, economia, saúde e muitas outras. Diversos pesquisadores vão à sede e fazem trabalhos. A preservação dessa identidade é essencial.” Como bem disse o jornalista Bruno Bueno “Em tempos nos quais a tecnologia é mais do que essencial, o Agora permanece com sua essência que conquistou a cidade em 1971, sem deixar de levar a informação pelos meios digitais. Desde 2018, com o fim do jornal Gazeta do Oeste, o veículo reforçou seu compromisso de continuar levando a informação por meio de sua tradicional versão impressa.” 

Você sabia?

O Agora mantém assinantes que estão desde a primeira versão comercializada? E mais? Eles pagam assinatura como quando fizeram-na lá mais de meio século: tem que ir na casa deles receber ou eles vêm ao jornal pagar. Tudo como dantes!  Eles  são diamantes e são eternos e as plataformas digitais não têm o condão de apagar o respeito e a consideração que o leitor das mídias impressas merecem. Afinal, o leitor do impresso  sustenta o jornalismo há mais de dois milênios. Esse jornalismo que sobreviveu a guerras, desastres naturais, pandemias, sobretudo, à perseguição, má vontade e desrespeito. É um imortal! O mestre Bob Clementino gosta de ler o jornal no armazém de secos e molhados  e deixar o exemplar para outros lerem. Celular e computador não substituem isso.  Salve, salve o jornalismo impresso!

“Mantra do respeito

Eu quero estar na sua verdade mesmo não concordando.

Quero amar seus defeitos.

Respeito sua opinião.

Abraço suas lágrimas.

Tenho empatia pelo seu sofrimento.

Se não gosto da sua música, ouço a sua e começo a cantar a minha.

Se não gosto da sua comida, sento com você para te fazer companhia e cozinho a minha.

Se não vou com sua cara, não te olho.

Se não te suporto, me afasto.

Se te amo, faço deste amor uma chuva para minha terra seca.” Glauco Viana

Essas mulheres

Essa coluna é dedicada a todos que lutam pela liberdade de imprensa e pela eternidade do jornalismo impresso. Um abraço especial para Ângela Santos, do nosso querido Gazeta Montense de Santo Antônio do Monte, terra desta colunista e da diretora do Agora Janiene Faria. O Gazeta Montense, que esta colunista tem a honra de ser assessora jurídica,  assim como o Agora,  é presente nas redes sociais e se mantém firme na versão impressa nas bancas e postos comerciais da região. Essas duas santantonienses merecem ser aplaudidas de pé e que continuem firmes, caminhando juntas. Afinal como disse Guimarães Rosa e está escrito na parede do Cheirin Bão que hoje completa um ano “É junto dos bão que a gente fica mió”  e esta colunista estará lá para comemorar. Bravo! Bravíssimo!

Direito de Resposta

Em atendimento ao pedido do PSDB face ao publicado na Coluna Adriana Ferreira de 31 de julho de 2024 neste jornal, o citado partido pleiteia que seja divulgado o seguinte, a título de Direito de Resposta: O PSDB não apoiou o PT nas eleições gerais, mas apenas liberou seus filiados para que apoiassem o candidato que quisessem no segundo turno das eleições de 2022.”. Em nota desta coluna na data citada, foi dito que houve o apoio. Pedido feito, pedido concedido. 

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