Após quatro anos, Minas Gerais volta a registrar morte por coqueluche 

Lucas Maciel 

O crescente aumento dos números de casos de coqueluche fez com que as autoridades de saúde em Minas Gerais, retomassem  a atenção para a doença, que há anos vinha sendo, de certa forma, controlada. 

Na mesma situação que o controle dos casos confirmados, as mortes por coqueluche também não estavam sendo registradas no Estado. Desde 2019, quando ocorreram três, Minas não teve mais nenhuma morte ocasionada pela doença. 

Porém, na última sexta-feira, 30, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), confirmou que um bebê, de um mês e 23 dias de vida,  perdeu a luta pela bactéria. 

Além desta morte, o aumento do número de casos é muito grande em Minas Gerais. Neste ano, já foram 131 registros da doença, quase 10 vezes mais do que foi em todo ano de 2023, quando apenas 14 casos haviam sido confirmados. Estes dados têm ligado o alerta para a doença. 

O caso 

A morte aconteceu em Poços de Caldas, no Sul de Minas, no dia 19 de julho. De acordo com os resultados da investigação epidemiológica realizada no município, a criança ainda não tinha recebido nenhuma dose da vacina contra a doença, devido à faixa etária. 

Além disso, a mãe do bebê também não havia sido vacinada com a vacina dTpa – que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche na gestação.

A vítima tem um irmão gêmeo, que também testou positivo para a doença, mas já teve alta hospitalar.

Vacina 

A principal medida de prevenção contra a coqueluche é a vacinação. O imunizante é a pentavalente, que também protege contra a difteria, o tétano, a hepatite B e doenças invasivas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b.

A reportagem conversou com a Central de Imunização de Divinópolis, que informou está à disposição, as doses do imunizante nas unidades de saúde do município. Divinópolis teve uma cobertura de 92,18% de vacinação no ano passado, um pouco abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Saúde (MS), de 95%, mas acima dos índices de Minas Gerais e do Brasil, que tiveram 88,91% e 85,46%. 

Em 2024, já foram aplicadas mais de 891 doses, levando em consideração a estratégia de intensificação realizada. Ainda de acordo com a Central, a vacina é destinada a três públicos principais: 

– Crianças com, 2, 4 e 6 meses: elas devem tomar um reforço ao 15 meses e outro reforço aos 4 anos;

– Gestantes a partir da 20° semana de gestação ou até 45 dias do puerpério;

– Trabalhadores da saúde que atuam em pediatria, berçários, UTIs neonatais, unidades cangurus – locais de cuidados com recém-nascidos que praticam o ‘Método Canguru’, que consiste em manter o bebê em contato pele a pele com os pais. 

Porém, nessa fase de intensificação, devido ao aumento global de casos, a vacina está sendo recomendada a todos os profissionais de saúde e profissionais da educação que lidam com crianças menores de 5 anos, assim como professores e monitores do ensino fundamental e profissionais das creches.

Brasil

Além desta morte registrada em Poços de Caldas, outras duas mortes foram registradas no Brasil neste ano — as duas em Curitiba. 

Dados do Ministério da Saúde revelam que foram confirmados 608 casos da doença no Brasil durante o primeiro semestre deste ano. Este número, conforme o MS, representa um aumento de 181% nos registros em relação ao ano passado, já que em 2023, o país teve 216 registros.

O último pico epidemiológico da doença no Brasil aconteceu há 10 anos, em 2014, quando a bactéria atingiu 8.500 pessoas.

Mundo 

A situação é preocupante também em outros lugares do planeta. A União Europeia publicou em maio último, um Boletim Epidemiológico que indicou um aumento da doença em pelo menos 17 países. 

Os dados também são impactantes. Nos três primeiros meses de 2024, foram registrados mais de 32 mil casos de coqueluche. Quando comparado a 2023, por exemplo, se percebe a diferença, já que foram 25 mil casos em todo o ano. 

Doença

A coqueluche é uma doença que já foi muito forte no Brasil. De acordo com o MS, no início da década de 1980 mais de 40 mil casos anuais eram notificados no país. Este número foi reduzindo ano após ano.

A doença é uma infecção respiratória transmissível causada pela bactéria Bordetella pertussis, presente em todo mundo. A principal característica da doença são as crises de tosse seca. A infecção pode afetar a traqueia e os brônquios. 

Em crianças com menos de seis meses, a coqueluche pode levar a complicações graves e, se não for tratada adequadamente, pode ser fatal. O período de intervalo entre a infecção e o início dos sintomas, é geralmente de 5 a 10 dias, podendo variar de 4 a 21 dias e, em casos raros, até 42 dias.

Dentre os sintomas, a coqueluche começa como um resfriado comum, com sintomas leves como febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Porém, com a evolução, a tosse se torna mais intensa e pode gerar infecções respiratórias. 

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