Uma das maiores manchas na história da humanidade é a escravidão do seu semelhante. É o que mostra a cultura escravagista do século XV ao XVIII, a Escravidão Transatlântica, uma barbárie sobre os povos africanos. No entanto, desde os tempos mais remotos, convivemos com a cultura escravagista, onde o mais poderoso explora o seu semelhante, uma vergonha para o ser vivente considerado o mais racional.
É preciso falar, conversar e entender sobre isso. Hoje vou falar da escravidão na Antiguidade.
Teve diferentes características e impactos em várias regiões do mundo. Abaixo, apresento uma cronologia com alguns dos principais eventos e práticas relacionadas à escravidão em diversas civilizações antigas:
Mesopotâmia (c. 3500 a.C. – 539 a.C.)
– Códigos de leis: Um dos primeiros registros legais sobre a escravidão está no Código de Ur-Nammu (c. 2100 a.C.), que estabelecia regras sobre a escravidão. O Código de Hamurábi (c. 1750 a.C.) também contém várias leis que regulavam a posse, venda e tratamento de escravos.
– Origem dos escravos: Os escravos na Mesopotâmia eram frequentemente prisioneiros de guerra, devedores que não podiam pagar suas dívidas ou nascidos de escravas.
Egito Antigo (c. 3100 a.C. – 30 a.C.)
– Construção das Pirâmides: Embora se acredite que as pirâmides foram construídas por trabalhadores livres e contratados, o Egito utilizou escravos em outras grandes obras públicas e em propriedades rurais.
– Escravos de Guerra: Muitos escravos no Egito eram prisioneiros de guerra, especialmente durante os períodos de expansão do império, como na época do Novo Império (c. 1550 a.C. – 1070 a.C.).
Grécia Antiga (c. 800 a.C. – 146 a.C.)
– Evolução da Escravidão: A escravidão era uma prática comum na Grécia. Em Atenas, no século V a.C., estima-se que cerca de um terço da população fosse composta por escravos.
– Tipos de escravos: Os escravos gregos podiam ser domésticos, artesãos, mineiros ou trabalhar na agricultura. Muitos eram prisioneiros de guerra ou comprados de outras regiões.
Império Persa (c. 550 a.C. – 330 a.C.)
– Regulação da escravidão: No Império Persa, a escravidão era menos comum em comparação com outras civilizações contemporâneas, mas ainda presente, especialmente entre prisioneiros de guerra.
Roma Antiga (c. 753 a.C. – 476 d.C.)
– Economia Escravista: Roma desenvolveu uma economia amplamente baseada no trabalho escravo, especialmente durante o período republicano e no início do Império. Estima-se que durante o apogeu do Império Romano, entre 25% e 40% da população de Roma fosse composta por escravos.
– Rebeliões de Escravos: A mais famosa rebelião de escravos foi a de Espártaco, entre 73 a.C. e 71 a.C., que desafiou o poder de Roma e quase conseguiu mudar a estrutura social.
China Antiga (Dinastia Shang a Qin) (c. 1600 a.C. – 206 a.C.)
– Escravidão de Guerra e Dívida: A escravidão existia na China antiga, com prisioneiros de guerra e devedores constituindo grande parte dos escravos. Durante a Dinastia Qin (221 a.C. – 206 a.C.), muitos escravos trabalharam em projetos como a construção da Grande Muralha.
Índia Antiga (c. 1500 a.C. – 600 d.C.)
– Sistema de Castas: Na Índia antiga, o sistema de castas estabeleceu divisões sociais rígidas. Embora a escravidão como na Roma ou Grécia não fosse tão predominante, havia servos e pessoas de castas inferiores que viviam em condições análogas à escravidão.
A escravidão na Antiguidade variava de acordo com a cultura, a economia e as necessidades militares de cada civilização. De um modo geral, a escravidão era uma prática aceita e amplamente difundida, sendo fundamental para o funcionamento das sociedades antigas. A transição para sociedades mais complexas e urbanizadas, como as de Roma e da Grécia, aumentou a dependência do trabalho escravo, que se tornou uma parte vital dessas economias e sociedades.
Na próxima semana continuarei no tema. É preciso.
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Welber Tonhá e Silva
Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09
Imortal da Academia de Letras e Artes Luso-Suiça em Genebra, cadeira nº C186
Membro da Academia Mineira de Belas Artes
Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.
Instagram: @welbertonha