De fato, o Brasil não é um país para amadores. Sobreviver a este país é uma tarefa árdua, que a cada dia que passa tem se tornado mais penosa. A semana mal começou, e os divinopolitanos tiveram que engolir a seco, goela abaixo, a notícia dada pelo Agora de que o casal responsável pelo assassinato e ocultação do cadáver da morotista de aplicativo, Sheilla Angelis, vai recorrer das sentenças dadas em março último. O crime ocorreu em setembro do ano passado, e causou comoção na cidade. A motorista foi brutalmente assassinada no dia 9 de setembro, porém o seu corpo só foi encontrado já em estado de decomposição no dia 8 de outubro, em uma estrada vicinal de Marilândia, distrito de Itapecerica. Seis meses depois a sentença: ele condenado a 24 anos e quatro meses em regime fechado, além de multa, pelos crimes de latrocínio e ocultação de cadáver. Ela, condenada a um ano e depois de reclusão em regime aberto por ocultação de cadáver. A pena dela foi convertida em multa e serviços comunitários.
Essa é apenas uma em meio a tantas sentenças dadas todos os dias no Brasil que comprovam que sobreviver neste país não é nada fácil. Porém, tudo isso vai de encontro a algo já abordado neste espaço antes: o vitimismo. Sim! O fato é que os brasileiros têm duas saídas: a primeira, sentar, se conformar, e assumir esse lugar de vítima de um país que não é para amadores; ou se atentar para essa situação que já é crônica por aqui, se tornar protagonista dessa história, e cobrar de seus governantes mudanças reais, necessárias, que precisam ser feitas para que o povo saia dessa condição de sobrevivente do Brasil. O período eleitoral está aí para isso. Para que o povo se esforce para sair dessa condição de vitimista, e se coloque a pensar no que realmente precisa ser feito para que este país tenha o mínimo de decência, e desenvolvimento. Elevar o debate, e cobrar, dentro da realidade, é apenas um dos muitos passos que devem ser dados, já que o povo fala tanto em melhorias e desenvolvimento. Porém, já são suficientes para que a esperança volte, nem que seja apenas uma pontinha dela.
Uma pessoa ajudar a ocultar um cadáver, e receber como pena multa e serviços comunitários mostram o quanto a população está com os olhos voltados para o fútil, para o desnecessário. O que estarrece é saber que sentenças como essas são dadas todos os dias, para casos graves como o de Sheilla. Por isso e outros, que muitos entendem que por aqui, o crime compensa. Comete-se um crime, sai pela porta da frente. Enquanto isso, o povo brasileiro está dividido, e cada um voltado para o seu próprio umbigo, suas próprias demandas, sem cobrar o que de fato deve ser cobrado de seus governantes. Mesmo tempo em que seus representantes seguem ilesos de tudo isso. Alguns até fazem discursos lindos nas redes sociais, revoltados com o “sistema brasileiro”, enquanto inclusos no sistema, e não fazem nada para mudá-lo. E, é neste ponto que não é difícil chegar à conclusão de que está cada dia mais claro, por que e a quem interessa manter o povo da forma como está. Apenas sobreviventes a este país, que de fato é uma piada.
