Ciclo vicioso 

Se sobreviver a este país não é fácil, junto à sociedade do espetáculo então, nem se fale. O ego e a vaidade têm cegado a humanidade, e tornado tudo ainda mais complicado. Raso. Fútil. Talvez essas sejam as palavras perfeitas para definir a sociedade atualmente. Há muito barulho e pouco resultado. Existem muitas palavras e poucas ações. E, assim, apenas iludidos, nessa busca incessante, porém recheada de muito espetáculo, os brasileiros têm se contentado com pouco. Aliás, muito pouco, ou quase nada. A campanha eleitoral está aí escancarando tudo isso. O quanto os brasileiros têm se contentado com pouco, e o pior, o quanto este comportamento de bater palma para “carroça vazia” tem comprometido o desenvolvimento do país. Resumindo, é muito espetáculo para pouca ação, para pouco resultado. Em tempos de discursos bonitos e inflamados, de redes sociais com vídeos para todos os lados, o que mais se vê são apenas palavras. Porque se for olhar mais atentamente para o que está por trás daquilo, é apenas um vazio enorme. O que mais estarrece é ver como ainda tem muita gente acreditando nesses discursos vazios, que no fim são apenas para satisfazer o ego da própria pessoa. 

Talvez, diante deste cenário, a pergunta mais sensata seria: o que se faz com tantas palavras? A resposta é óbvia. Porém, algo chama a atenção. A carência do povo brasileiro. Essa busca incessante por heróis, faz com que a população aceite este pouco. A situação é tão crítica, que um gesto mínimo, como salvar uma pessoa se afogando no mar, ganha os noticiários. E, pronto! Bastou um gesto natural de um desconhecido para que ele ganhe as manchetes e seja consagrado como herói. Isso mostra o quão carente o povo está. E, o quanto o “buraco” é mais embaixo. Um espetáculo basta. Palavras bonitas bastam. Discursos inflamados são suficientes para que o povo se encante, se deixe levar, coloque a sua viseira, e siga como se tudo fosse resolvido com aquele espetáculo digno de Oscar. Incapaz de questionar, de enxergar além do que lhe é “servido”, o povo se tornou escravo da sociedade do espetáculo. Da sociedade rasa. Que pouco quer, e pouco tem. A população se tornou escrava de seus próprios desejos, do seu ego, da sua vaidade. E, o pior, dos egos e vaidades dos governantes. 

Tudo isso tem mostrado apenas uma coisa: todos estão fadados a viver este ciclo vicioso até que pequenos movimentos de mudança sejam feitos. Até que o povo aprenda que palavras são apenas palavras. E, que o que muda, o que desenvolve um país são ações. Nada mais do que isso. Detalhe: ações que tragam benefícios para o coletivo, não apenas para o próprio interesse. Faltam exatos 24 dias para os brasileiros irem às urnas Brasil afora, e escolherem os seus governantes. Até o que não faltam são reflexões a serem feitas. Dentre a do espetáculo. Palavras bonitas colocam comida na mesa? Discursos inflamados melhoram a saúde e a educação? Dancinhas de internet trazem desenvolvimento econômico? Essas perguntas podem ser feitas acompanhadas de uma resposta: desligou a câmera do celular, a vida real cobra, e não há espetáculo capaz de mudá-la.

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