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Clipe de Luiza de Iola homenageia antigo povoado de Carmópolis de Minas

Cantora relembra história da  sua cidade natal no “Yapuã”

by JORNAL AGORA

Da Redação

Algumas cantoras são destinadas a dar voz às palavras ancestrais, conectando o passado ao futuro, e Luiza da Iola é uma delas.. Ela busca manter vivo o legado dos saberes ancestrais. Com seu novo single “Yapuã” ela traz histórias enraizadas e culturais do antigo povoado de Carmópolis de Minas. 

Com seu conhecimento de estudos das aves e suas características, Luiza escreveu versos e criou arranjo musical a partir dos cantos dos pássaros Japu e Bicudo. O princípio da canção traz a mata e seus cantos, narrando a história de um pássaro que está em extinção em meio a batalhas e se torna símbolo de resistência até o presente.

O vídeo narra o conto amazônico do guerreiro Japu que traz o fogo à terra e é transformado em pássaro, chamado Yapuã. O single será lançado primeiro em exibições e sessões em quatro escolas públicas do município, promovendo a educação para as relações étnico-raciais e utilizando a obra como material didático. E no dia 27 de setembro a autora lançará o clipe animado no YouTube.

Yapuã

O Japu/ Yapuã  é um lindo pássaro azul com o bico da cor do fogo, diz a lenda que nos tempos antigos em que as tribos de índios não conheciam o fogo, eles sentiam muito frio e medo à noite pela falta dele. Então o pajé (o feiticeiro da tribo) escolheu um forte guerreiro, o mais corajoso de todos e o encarregou de ir buscar o fogo no céu. 

Assim, o guerreiro escolhido se transformou num belo pássaro azul que voou para o céu de Tupã (o deus sol), para cumprir sua missão. Lá ele lutou muito com o raio, mas finalmente conseguiu trazer no bico um pedaço de fogo e baixou a terra, dando aos homens aquele presente precioso.

História por trás 

A letra da música faz reverência a dois pássaros pretos muito populares na região: o Japu e o Bicudo. O Bicudo deu origem ao nome de uma comunidade rural majoritariamente negra e que poderia inclusive ser considerada como remanescente de Quilombo. Infelizmente, ele está na lista vermelha global de espécies ameaçadas, avaliada como ‘Criticamente em Perigo’ pelo Ministério do Meio Ambiente. 

Devido à perseguição e degradação do seu habitat, a espécie sofreu um declínio drástico, com menos de 100 bicudos livres na natureza e já sendo considerada extinta em alguns estados brasileiros. A animação visa envolver o público com referências afro-indígenas e contribuir para a implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, promovendo a educação para relações étnico-raciais.

—Se há uma palavra que resume Yapuã, é exatamente ‘Ornitografia’ (caligrafia da natureza, que se refere à trajetória de voo dos pássaros e às suas assinaturas visuais congeladas no céu). Acredito que esse conceito se aplica perfeitamente aos povos cujas histórias foram apagadas, mas cujas pegadas seguem gravadas no tempo. Yapuã tem a missão de grafar essas histórias no céu e no tempo, para que ninguém se esqueça de quem pisou nesta terra antes de nós. Olhem para cima!— diz da Lola

Lei Paulo Gustavo

O single foi contemplado no Edital Nº 02-2024 e finalizado em 2024 graças à Lei Complementar nº 195, de 08 de julho de 2022. Essa lei, conhecida como Lei Paulo Gustavo, foi criada para incentivar a cultura e garantir ações emergenciais, especialmente devido ao impacto da pandemia de covid-19 no setor cultural. Ela direciona R$ 3,86 bilhões do superávit financeiro do Fundo Nacional de Cultura para estados, municípios e o Distrito Federal, com o objetivo de fomentar atividades e produtos culturais. A proposta do clipe de animação foi contemplada no Edital Nº 01 – 2024 – Apoio ao Audiovisual.

A guardiã da memória

Luiza da Lola é uma homenagem às suas mães: Lúcia Maria de Oliveira e Elvira de Oliveira (Iola), que a criou. Natural de Tupanuara, agora conhecida por Carmópolis de Minas. 

Sua trajetória artística começou em 2001, quando sua voz marcante já refletia a ancestralidade, assim vencendo festivais de música na região centro-oeste. Em 2015, idealizou o movimento educador sócio-artístico-cultural “NÓS TEMOS UM SONHO”, cuja primeira ação foi o canto manifesto “Deixa o Erê Viver”, com participações de diversos artistas. Em 2016, participou do projeto musical afro-brasilidades “Terra Negra”. 

O reconhecimento e pertencimento como guardiã da memória vêm junto com o legado no Reinado Perpétuo de Nossa Senhora do Rosário, assumido em 23 de setembro de 2018 em Carmópolis de Minas. Com suas referências musicais do lugar de pertencimento, desde os toques e sonoridades sagradas dos reinados e do candomblé na infância, aos discos variados que sua mãe ouvia. 

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