Horário de verão: debate sobre retorno volta à tona

Da Redação

O debate sobre o retorno do horário de verão tomou os noticiários do país nos últimos dois dias. O anúncio vindo do ministro de Minas e Energia, Alexandre de Silveira (PSB), foi feito na última quarta-feira, 11, em meio a uma grande pressão nas usinas produtoras de energia. 

Dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), mostram que o Brasil vive hoje a mais extensa e severa estiagem desde 1950. Por isso, a discussão sobre medidas que possam driblar os impactos negativos provocados pela falta de água nas produtoras de energia, têm sido recorrentes. Vale destacar que as hidrelétricas são responsáveis por 63,8% da matriz elétrica brasileira. 

Além de o ministro de Minas e Energia ter dito na última quarta-feira que a medida pode auxiliar na manutenção do preço da energia, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), também declarou que a adoção “pode ser uma boa alternativa”.

Durante o governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), o horário de verão deixou de ser implementado com a justificativa de que deixou de produzir os resultados esperados. 

Horário de verão

A estratégia consiste em adiantar uma hora em relação ao horário oficial de Brasília. Ele foi criado no Brasil em 1931 e funcionou de forma contínua entre os anos de 1985 até 2019.

De acordo Alexandre Silveira, a aplicação do horário de verão pode garantir um alívio no sistema energético nos horários de pico, que comumente são entre às 18h até as 20h, quando as pessoas saem do trabalho e retornam para casa. 

Com o adiantamento do relógio em uma hora, as pessoas poderiam aproveitar um tempo extra de luminosidade e consequentemente, adiantasse o acionamento das lâmpadas das residências. 

Outros benefícios são o estímulo de atividades físicas, estímulo ao comércio e impactos turísticos. Com uma hora a mais de luz solar, as pessoas conseguem aproveitar o dia para realizar atividades físicas ao ar livre, além de estimular vendas no comércio, bares e eventos de entretenimento.

Por outro lado, segundo o Ministério de Minas e Energia, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, o que fez com que o horário de verão deixasse de produzir os resultados esperados. Boa parte da demanda por energia hoje tem relação com o uso de ar-condicionado nas casas e empresas e o horário de verão teria pouca influência sobre isso.

A maneira como a mudança de horário pode mexer com o relógio biológico das pessoas é citada como uma das desvantagens. Um estudo de pesquisadores brasileiros publicado pela revista Annals of Human Biology em 2017 afirma que 45,43% dos mais de 12 mil participantes diziam não sentir nenhum desconforto com a mudança de horário, mas 25% diziam permanecer desconfortáveis durante todo o período da medida.

Crise hídrica

De acordo com o relatório do Cemaden, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), mostra que a seca que atinge o país abrange uma área de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, atingindo todas as cinco regiões do Brasil. 

Ao todo, 3.978 municípios estão em estado de seca com diferentes intensidades, ou seja, mais de 70% das cidades brasileiras. 

Em comparação com outros anos secos importantes, como 1998, 2015 e 2020, o ano de 2024 não só apresenta uma intensidade maior da seca, como também uma área coberta muito maior (destacando-se as secas severas e extremas), como mostra o gráfico acima.

Esta condição extrema no país está associada tanto a oscilações naturais do clima terrestre, como o El Niño Oscilação Sul e a Oscilação Multidecadal do Atlântico, como também às mudanças climáticas e ações antropogênicas.

As mudanças climáticas, causadas pela ação humana (antropogênica), torna estes eventos extremos mais frequentes, e mais fortes. Este é um padrão que já vem sendo observado nos últimos anos, e tende a se tornar cada vez mais comum em um planeta que está passando por um processo anômalo de aquecimento global.

Previsão do tempo

Para Divinópolis, a situação ainda deve continuar a mesma. As altas temperaturas acima dos 32º serão registradas até o dia 22 próximo, quando o clima pode mudar para chuva. Durante a penúltima semana do mês, há previsão de pouca chuva que ameniza o calor sentido.

Nestes dias, o sol aparece entre nuvens no período da tarde e noite com possibilidades de pancadas de chuva. Porém, a umidade relativa do ar ainda é observada com atenção. Durante as próximas semanas, a porcentagem deve continuar atingir níveis de alerta, chegando aos 20%.

De acordo com Boletim Agrometeorológico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a região Sul do país terá chuvas acima da média e o restante do país deve registrar calor extremo e seca. A previsão é válida para os próximos meses.

Apesar das chuvas estarem mais concentradas nos estados do Sul, as temperaturas ainda se manterão altas, porém, frentes frias podem diminuir as temperaturas na região. 

Em contrapartida, a região Sudeste pode registrar chuvas abaixo da média ocasionando uma redução nas represas de água até novembro, quando há previsão de aumento nos níveis de umidade do solo.  

(Com informações da Uol, IstoÉ e Climatempo)

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